domingo, 26 de dezembro de 2010

A sombra de uma escolha II

Cena 02 – Numa biblioteca. Algumas estantes de livros.
Personagens: Prisco, Regina, amigas de Regina.
(Regina) – Onde está isso que não acho? Já procurei  de cima a baixo, estava certa de encontrar... e volto a procurar... Preciso achar! É o que vou declamar!: Pus o meu sonho num navio...*(Ela tenta se lembrar do resto do poema, quando surge Prisco. Sentado perto da estante ao seu lado)*
(Prisco) – E o navio em cima do mar, depois abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar...*(Regina ouve, sorri e continua a declamar. Olhando Prisco que se mantém fixo no livro que leva na mão)*
(Regina) – Minhas mãos ainda estão molhadas, do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre dos meus dedos, colore as areias desertas...
(Prisco) – O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio, e debaixo d’água vai morrendo, meu sonho, dentro de um navio.
(Regina) – Chorarei o quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, o meu navio chegue ao fundo, e o meu sonho desapareça...
(Prisco) – Depois tudo estará perfeito, praias lisas, águas ordenadas...
(Juntos) – Meus olhos secos como pedras, e as minhas duas mãos quebradas.
*(Prisco olha para Regina e sorri)*
(Prisco) – É este aqui que está procurando. Tinha pego pra ler alguns poemas, mas pode pegar.
*(Regina  o olha nos olhos, sorrindo.)*
(Regina) – Eu ia pegá-lo pra ver um poema, mas me ajudou a lembrar.
(Prisco) – Prisco. Esse é meu nome. Poeta-escritor, e não passo fome!*(Prisco sorri)*
*(Regina ri)*
(Regina) – Pois eu sou Regina, estudante esforçada, leitora dedicada, mas não sei escrever...
(Prisco) - *(Fingindo surpresa, brincando, flertando)* Mas não pode ser! Alguém tão bonita e não sabe escrever? Declama Cecília sem se intimidar. Conhece dos versos, sabe falar... Se engana ou me mente, gostaria eu, somente, de poder comprovar!
(Regina)*(Percebe o flerte e entra no jogo)* Pois então que me diz? Seria eu boa atriz? Poetisa? Escritora? Ou quem sabe cantora dos versos de alguém?
(Prisco) – Sendo boa atriz, ficaria decepcionado, por um instante achei nivelado o teu olhar com o meu. Já poetisa, isso é certo, e escritora talvez... Se poderia cantar outro verso, talvez outro que ninguém fez...
(Regina) - *(Expressão de intrigada)* Então é possível cantar o nada?
(Prisco) – Só se estiver preparada. Pois ninguém é meu segundo nome... Desafio a cantar você, o que não conseguiu nenhum homem!
(Regina) – Mas que nome singular para um poeta. Prisco ninguém, chega a ser engraçado. Pois farei do teu verso a minha meta! E garanto, ficará impressionado!
*(Ambos sorriem e intencionam se aproximar mais, quando chegam as amigas de Regina)*
(Amiga 1) – Vamos Regina, temos de ir embora!
(Amiga2) – Já é passada a hora, o sinal irá tocar.
(Regina) – Mas...
(Amigas) – Não podemos esperar!
*(Saem as amigas e Regina. Prisco e Regina se despedem com gestos)* 

Matheus Santos Rodrigues Silva

Um comentário: