quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ode à pátria

Os heróis do meu país
morreram na guerra;
militares e civis;
todos filhos desta terra.

Cada qual em seu momento
tentou fazer história,
com luta e sofrimento,
sem apoio nem glória...

Anônimos já são;
seus filhos não se lembram;
todos mortos em vão;
seus filhos nem lamentam...

A memória é tão curta...
O povo é tão desgraçado
que a qualquer filho da puta
se curva feito um condenado!

A minha nação quase nasceu morta...
Amor, compaixão? Isso não importa!

A minha terra se chama Brasil!
Comandada por monstros de mente senil!

Querem matar a minha terra afogada;
enterrá-la na lama até que não sobre nada...

Os heróis de meu país
hoje nem sabem o que são;
lutam como sempre e ainda morrem em vão...

Nem sentimos falta da dignidade;
nem reclamamos da dor, da fome, da sede...
nem queremos mais a verdade...
...ninguém perde o que nunca teve!...

Matheus Santos Rodrigues Silva

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O libertino

Eu não quero o teu sentir;
eu não quero o teu sofrer;
eu só quero de ti o riso e o prazer.

Eu não quero o teu amor;
eu não quero o teu espaço;
seja como for, eu só quero o teu abraço.

Quero amar-te por um dia
pra depois sumir no mundo!
Farei de você vadia
ao menos por um segundo!

Não te quero pra sempre;
não sinta a minha falta!
Só quero o calor de teu ventre,
teu corpo e tua alma!

Não me pense um alguém que não sabe te amar;
eu até gostaria, porém, você não iria aguentar...
O meu sentir é intenso, o meu sentir é profundo!
É um sentimento tão denso que nem cabe no mundo!

Se este sentir te atrai,
se este sentir te inquieta,
desiste do pudor e vai!...
Vai!... Se entrega!

Matheus Santos Rodrigues Silva

sábado, 25 de setembro de 2010

Pensando...

Não vale a pena teorizar a vida. Não vale a pena tentar entendê-la ou prevê-la. Não vale a pena viver o que ainda virá. A vida é um evento do hoje!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ode às águas

Vejo-te como um oceano
vem virar mar ao meu redor!
És parte de um belo plano
criado pra me entreter.

Passo noites sem você
até poder te tocar
até poder te querer
até teu colo virar mar

Onde eu vou poder deitar
e sentir as tuas ondas
onde eu vou poder provar
do salgado do teu ventre;

Você vem toda vestida
com tantas espumas, meu mar,
mas despir-te é tão fácil...
basta te tocar.

Eu quero a tua vaga,
a tua onda mais forte!
Quero que não sobre nada
na tua arrebentação.

Venha como um tufão!
Quebre todas as pedras!
Transforme em areia e pó!
As chagas são todas certas!

Calma. Sente o vento a levar teus cabelos.
Sim. Agora o são.
Não és mais tufão,
nem mar, nem oceano...

Foi parte do meu plano.
Fiz você como eu quis.
Uma vaga tão linda!
Gostou? Me diz!

Matheus Santos Rodrigues Silva


*Esse texto surgiu de uma idéia a partir do texto: Aforismo Poético XXXX - Sobre as Primaveras. De Antônio Alberto do blog Universo das palavras perdidas, cujo link está no canto inferior esquerdo do meu, valeu, Antônio!"

Triste

Hoje eu estou triste.
Sinto esse sentimento único e puro invadir a minha fronte e modelar meus olhos num olhar sem graça e calmo. o mesmo olhar dos velhinhos que deixam de viver e nada têm além de seu passado.
Eu estou simplesmente triste. Não sinto nem amor, nem raiva, nem angústia, nem medo, nem lamento, nem frustração. Só me sinto triste.
É um momento muito raro esse. É um momento em que não há mais nada em mim além dessa dama da noite que descolore os meus passos. É um sentimento tão sem graça...
Todo o meu corpo está invadido por essa tristeza noturna que acaba por me distinguir dos outros mortais.
Meu semblante está inerte. Como o de uma estátua qualquer. Tão paralisado que ninguém ousaria me amar.
Eu estou triste.

Matheus Santos Rodrigues Silva

domingo, 12 de setembro de 2010

O vampiro

Dos tétricos cantos de moribundos generais
eu guardo a lembrança do fim de cada guerra
séculos e séculos que não voltam mais;
homens e mais homens... todos caídos por terra.

A lembrança de cada noite e cada dia
me atormenta agora que eu posso sentir;
toda a extravagância e boemia
de amigos que não estão mais aqui;

O tempo passa em galopar furioso
matando a todos que já me importaram;
e ele insiste em apagar teu rosto
que vários vermes já despedaçaram.

Em cada guerra que eu já vi
você ascendeu tal qual uma estrela,
e em todas elas, sim, eu te perdi...
se é assim, então por que fui vê-la?

Matheus Santos Rodrigues Silva

sábado, 11 de setembro de 2010

Íris - Goo Goo Dools - por Boyce Avenue



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And I'd give up forever to touch you
'Cause I know that you feel me somehow
You're the closest to heaven that I'll ever be
And I don't want to go home right now
And all I can taste is this moment
And all I can breathe is your life
And sooner or later it's over
I just don't want to miss you tonight
And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am
And you can't fight the tears that ain't coming
Or the moment of truth in your lies
When everything feels like the movies
Yeah you bleed just to know you're alive
And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am
And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am
And I don't want the world to see me
'Cause I don't think that they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am
I just want you to know who I am
I just want you to know who I am
I just want you to know who I am

Musa

Assustado eu vejo o mundo inteiro se desfazer em cinzas... de novo...
Os sons que reverberam em minha mente... devaneios de uma doença antiga... confusas notas deixadas por alguém que foi embora...
Está tudo desmoronando... é o fim... olho em volta e tudo que eu vejo está se esvaindo... é tudo pó...
Eu não consigo ver, nem ouvir, nem sentir, nem você... não consigo ver, nem ouvir, nem sentir...
Dançam as fadas do apocalipse; o fim de toda cachoeira e todo o eclipse; todo vento e toda a cor...
Um tufão! Está tudo girando e girando e girando! E a vida está correndo diante de mim... tudo treme, tudo rosna, tudo grita, é tudo medo... Toneladas de areia e choro e dor... Cada um deles desmorona diante de mim... quedas terríveis! E as pessoas buscam... elas buscam... elas fogem e eu quero fugir e eu quero chegar, mas eu não consigo... eu quero chegar ao outro lado... ninguém consegue... ninguém pode e ninguém vê... por que? quando sangramos é o mesmo sangue... Eu não consigo chegar! Está morrendo!... (Map of the problematique)

Fim!
Linha de chegada de tudo que brilha e ultrapassa a mesmice desse mundo morto!...
Eu não vou esperar nesse caminho... que o ódio ascenda!
Ela via... ela sentia... ela chorava... ela tinha um nome... ela tinha um nome...
Não vou segurar o que não me cabe mais... 
E voamos, e caímos e queimamos... e ninguém lembrará... ninguém...
Essa é a última vez... é o último verso...
olho pro céu a procura das estrelas; elas sumiram... elas queimaram dentro de mim... e não há o que ver... só morrer... tudo não vale a pena... tudo não vale a pena...
Essa é a última vez.... é o último verso... (Stockolm Shyndrom)

Eu pensei que não... que ia perecer... quero quebrar o bem que você me fez...
Destruir isso... eu vou destruir isso...
Por que o meu tempo não vai voltar e nada mais vai me ajudar... eu não posso querer mais nada... por que não há mais nada...
Eu era livre. Você me prendeu... eu tentei te esquecer, mas estava viciado... 
Agora saiba eu estava preso por seu feitiço e você nunca deveria ter tentado acabar com isso...
Destruir você... destruir a imagem que existe de você em mim...
Como eu cheguei aqui?...
Você arrancou tudo que podia de dentro de mim...(Time is running out)

Controlei o que sinto por muito tempo... evitei o que sinto por muito tempo... guardei no mais obscuro de mim por muito tempo... me destruí por muito tempo...
Isso tudo me fez sentir as suas dores... isso tudo me fez amar as suas causas...
Tentei te agradar por muito tempo... tentei te poupar por muito tempo...
Isso está acabando agora...(Showbiz)

Vem, vai e não me deixa... estou te machucando de novo, eu prometo que essa será a última vez...
No seu mundo... eu não estava só... no seu mundo eu não sorria só...
Estou muito magoado pra te amar... estou muito cansado pra continuar assim... mas eu prometo: essa é a última vez... 
Se não fosse eu não sentiria... se não fosse eu não sentiria... (In your world)

Sons... medo... foi o que restou de nós dois...
Novo. De novo e de novo.
Tudo mudou e tudo sumiu ou sumirá... vai me ajudar a coexistir  com o frio de cada inverno...
Você me deixou doente. Por que eu adorava você tanto... (Space Dementia)

Por que isso tudo tem de te afetar? Meu amor é tão falso...
Você fez tudo da forma mais linda que eu poderia querer... você fez tudo tão perfeitamente... por que?
Eu quase enlouqueci... por que meu amor era tão falso... (Agitated)

No mural de minhas lembranças agora repousa a sua face... ao som de um dedilhado qualquer que faz do meu ser algo melhor... uma dor e uma alegria; o conjunto perfeito de uma felicidade lembrada que já se foi...
Por que você poderia ter sido a minha escolha mais estúpida e eu faria de você um ser perfeito... e nós andaríamos por aí rindo e chorando ao ver o mundo passar com todas as suas pernas diante de nós... Nós o seguiríamos e mudaríamos o seu trajeto da forma que quiséssemos por que teríamos força o suficiente pra isso; você e eu teríamos alcançado os céus! Você seria a única pra quem eu me abriria sobre as coisas mais tristes e mais alegres em mim... sobre tudo que me comoveria e sobre as minhas maiores revoltas... teria sido aquela que me confortaria apenas por sorrir ou apenas por me olhar e não prestar atenção em nada do que eu falasse... E eu estaria lá esperando quando voltasse. Estaria parado por que eu não teria escolha pois você seria a vida que habitaria a minha alma!...
Primeiro, houve alguém que mudou tudo em mim e que me ensinou a ver além... e destruiu meus sonhos e tudo em que acreditei e ela nunca seria melhor que você...
Você poderia ter sido algo muito lindo! Mas já não é o que eu esperava que fosse... você é agora alguém que eu não sei precisar...
Eu perdi uma chance única. Você perdeu a maior que teve de saber o que existe além dos símbolos...
E eu não vou mais estar lá esperando por que agora eu sou livre e preciso querer ficar... e eu juro que eu conseguiria ser assim... e esqueceria de tudo e nada mais do que me disse significaria... eu conseguiria ser assim... antes de você... (Unintended)

Eles amaciam os meus ouvidos... são sons belos de um novo mundo... 
Longe... estou tão longe de tudo de que eu me lembro e das pessoas que se importam comigo...
Aquela luz eu vou seguir aquela luz até o fim da minha vida, mas não sei se isso importa mais...
Minha vida... ela está andando de volta fora de trilhos antigos...
Eu nunca vou deixar você ir. Prometo que nunca deixarei, seja lá quem você for...
Quando eu te encontrar... espero saber... se eu não souber, me diz, por favor!
Pois eu só quero te segurar em meus braços, não quero mais nada de você... só te segurar nos meus braços...
Longe... eu vou estar muito longe e tudo que eu conheço não valerá nada até que tudo morra...
Aquela luz... eu vou seguir aquela luz... mesmo que eu ainda não saiba qual delas é... eu vou seguir... (Starlight)


"Essa é uma tentativa de passar as impressões que eu tive quando juntei as coisas que eu sinto e vivo aos temas e sons das músicas citadas da banda Muse. Algumas coisas foram tiradas das letras, outras dos sons, mas nada é parte de uma coisa só. Tudo isso é um reflexo de algo que havia em mim e reverberou no som"

Matheus Santos Rodrigues Silva








sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Rex

Os anjos levantaram numa prece rouca e calada para anunciar a sentença.
Aquele que desafiou as leis dos céus e dos infernos deve pagar!
A divindade outrora partida em duas metades jamais pode se juntar!

A perfeição é procurada por cada alma que vive ou morre neste mundo. Os vivos a procuram em seus atos, os mortos em sua futura “paz”. Os fortes a buscam no desafio, os fracos na justiça divina.
O medo inocente de cada passo reverbera em seus tímpanos. Ele não teme. Ele só guia.
Era tão certo que se errasse... mas ela temia. Duas almas estrangeiras de um mundo patético. O que era aquilo?
A vida transpassou o mero ato de mover-me e respirar. Estava em cada gesto e em cada toque e se reproduzia patologicamente em acessos de descontrole.
Foi impossível resistir ao magnetismo das almas. Assim foi cometido o pecado. O paraíso não pode ser tocado por mãos humanas.
Negada foi a graça de viver. Um simples sobreviver foi consentido por piedade, que é a maior graça neste mundo miserável.
Foram convocadas as criações humanas de maior temor. As horas, os dias, as semanas, os metros e os quilômetros, para uma missão simples: matar.
Da forma mais simples e cruel ou mais complexa e piedosa... não importava. Contanto que matasse.
Puseram uma alma em sua decisão senil de permanência e a outra em tentativas vãs de fuga... tolos...
Dias e quilômetros se passaram com uma aparente morte do paraíso alcançado, mas ele não morreu... Moribundo estúpido que não sabe a hora de deixar o corpo e viver nas planícies do lembrar junto com tantas lembranças... Por que?
Não morrer não fez do moribundo tolo um Augusto, mas apenas um César. Sufoquem-no!
Com mil outros corpos e apenas um; com mil outros fatos vãos e trivialidades; com almofadas e travesseiros, com o que houver.
Calado. Paraíso calado que em vis momentos se livra da mordaça e liberta o som mais triste, diabólico e mortificante. Um grito de horror e desespero que gela as almas e crepita os ossos de todo vivente e todo aquele que se decompõe nas valas imundas do que chamam de civilização. Palavras a tanto esquecidas, por que lembrá-las? Um grito da mais pura imundice da natureza humana: Eu te amo!

Somos a marca da besta e a crença
de que o que sobrevive as farpas deve acabar
pois é só um borrão torpe a se apagar!

Matheus Santos Rodrigues Silva

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A beleza da poesia e sua vileza estúpida e vazia são dois pólos de um mesmo norte...

Figura bela e doce de um pensar esquecido no tempo.
Esquecido pra ser lembrado e lembrado ao tocar do vento.
Luz que invade o calabouço, eu ouço o teu passar.
É  venerado o  teu brilho, seja de sol ou de luar.

Mancha, mácula eterna. Débil praga de um só lamento.
Verdade sutil, escárnio. Corte sangrento que em vão lamento.
Doçura... pura...

Belo. Sortido estado de brilho e alento de um espírito alegre.
Ele sorriu aos transeuntes. Queria passar.
Fitou cada semblante com um só olhar que era tão ambíguo...
O que sentiria? Nada importava. Nada importa de fato. O entendimento escapa do devaneio. Não é válido...
Dançou. Com mil musas diferentes de mil lábios quentes e olhos que reluziam um único pensamento: belo!
Cansadas as musas vieram as ninfas, depois as tulipas e rosas e margaridas... Todas esquecidas pela sacra memória que olve a si mesma.
A música tocava-lhe os tímpanos e só lhe dizia uma coisa: Sois belo.
Ele sabia. Tinha plena certeza do estado débil e variado que podia causar o seu olhar, seu toque, seu som. Tinha certeza de ter vivido o suficiente pra entender isto e isto lhe era odioso...
Alegria. Mil vezes a trouxe como um anjo que pende do céu com uma flor e uma boa nova. Foram tantas que ele mesmo se alegrava com o que trazia. A doce lembrança do bem feito era consoladora. Lhe trazia a sensação de utilidade e significância.
Estranho... essas lembranças nunca se findavam com algo bom...
Dor. Ela esteve lá em cada sensação. Com cada musa. A primeira que ele conheceu lhe impôs a tirania de mil navalhas antes de tomá-lo em seus braços e sorrir. Sim. Ela sorriu pra ele e tudo se acalmou.
Em cada passo que dera pôde ver que a dor acompanha todos os traços de alegria. Como o som estridente do violino acompanha as cordas mais graves numa harmonia plena. A dor que causara, a dor que sentira... faziam parte do mesmo enlace de suas alegrias.
Elas lhe causavam prazer. A plenitude de seus sentimentos lhe causava prazer em todos os pontos. Dores e felicitações lhe eram belas como são belas as pétalas e os espinhos de uma rosa.
Ele aprendeu a ser tudo, a sentir tudo, a viver tudo. Cada laceração nova em seu peito lhe dava a certeza de que estava vivo. Cada gota de sangue era a prova de sua existência e se misturavam com cada sorriso...
Ele deu tudo a elas. Tudo que elas quiseram receber. Cada gesto, cada toque, cada olhar e sensação que lhes eram próprias. Tirou cada uma de seu paraíso ou inferno e as levou ao limbo das sensações humanas. Ao âmago do ser que sente e é consciente disso.
Cada significância limitante perdeu  o significado.
Ele as feriu. Arrancou-lhes pétalas, espinhos, seiva, carne, sangue, saliva, suor e sons.
Cada pedaço o habitava. Num lugar único que a mais ninguém era permitida a entrada.
Perguntavam muitos: O que seria aquilo?
Um louco, alguns diziam.
Talvez um anjo. Atirado dos céus pelo pecado de amar.  Um híbrido entre o mais divino e o mais profano. O mais tentador e o mais edificante. Algo entre o sacro e o diabólico... um ser humano.

Matheus Santos Rodrigues Silva

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Notas de um observador

Noite. Momento magno de meu sentimento.
Em teu palco dançam nuvens de tormento
Enquanto me fita um olhar rubro
do sangue impuro dos imortais.

Céu. Negro como o fundo de meus olhos;
encoberto por um manto fosco;
usurparam a pureza do teu rosto
teus dias glórios já não voltam mais.

Do alto me olham quatro gigantes
imponentes a bloquear a aurora,
brilhando em seus artifícios ofuscantes
forçando o negro a ir embora.

Seus raios a ferir o céu,
abrem chagas em todo o firmamento
e ele chora sobre o meu papel
uma lágrima marcada e sem nenhum alento.

Coberto está todo o horizonte
pelo manto fosco da angustia e da dor
e eu ouço chorar lá ao longe
o som da noite que já se apagou.

Ao longe brilha uma esperança;
pisca um astro febril;
executa a mais bela dança
que nos ares dessa escuridão se viu.

Em meio do manto do desespero
abre-se um caminho novo
por onde passa sorrateiro
o brilho que eu julgava morto.

Só por um instante é que ele fica;
um instante a me fazer sorrir;
um instante único de vida
onde toda a dor põe-se a dormir.

É um instante até que o manto cresce
e toma de mim a luz que eu tanto amo;
sem luz, a pena que eu uso, apodrece
e o próprio brilho torna-se um estranho.

Sem pena eu tomo uso da caneta
e escrevo grossos versos de pesar
que bebem chorosos, pela noite preta
as lágrimas que beberia o mar.

E o vento sopra... sopra em meu papel
arrancando as letras de toda a palavra
arranca de mim e leva logo ao céu
pra que lá ao longe ela seja lembrada.

E assim corre o mapa a me encarar;
tão vasto e profundo em sua escuridão
o belo e eterno amante do mar
o grande carceireiro do meu coração.

Matheus Santos Rodrigues Silva

Pra moça do sorriso lindo

Eu quero escrever esses versos pra menina que sorria
quando eu, mergulhado no sono, vi a noite virar dia.
Ela disse algo importante que logo me fez pensar
em como uma frase bela ou um simples verso pode alegrar.
Engraçado o que ela disse, pois me fez perceber
o efeito que uma simples palavra pode ter sobre você.
Esse poema não tem forma e a forma onde eu o fiz vai ser jogada fora
por que a forma que formou o sorriso e a dona dele o foi também!
É engraçado e bem bonito lembrar isso agora.
Um sorriso igual àquele eu nunca vi em ninguém!
Moça do sorriso lindo, espero que esteja gostando
pois eu faço de coração e com o toque mais humano
que eu posso ter para escrever
esses versos sortidos de timbres variados;
tão mal acabados e com tão mais por dizer...
Eu sei que no fim não vai ser tão bonito.
Não vai descrever teu sorrir de marfim.
Me desculpa, mas esse é o melhor que eu consigo
E com um muito obrigado é que eu chego no fim.

Matheus Santos Rodrigues Silva

sábado, 4 de setembro de 2010

Sem motivo pra fazer... sem motivo pra não fazer!

Se é vazia a rua, por que visitá-la?
Se é escuro o túnel, por que explorá-lo?
Se tem espinhos a rosa, por que tocá-la?
Se queima o raio de sol, por que olhá-lo?

Se pensasse assim o mundo eu não estaria
fazendo agora estes tortos versos
e podem ter certeza, fiquem certos
de que nada que conhecem existiria...

Se eu não quisesse rimar, assim faria;
sem rimas ainda sou poeta.
Rimo apenas por pura ousadia;
é a liberdade tênue que me completa

Se eu sou livre pra nada fazer,
também sou livre pra querer voar
e por que tenho que ficar no querer?
Querer só nada, eu vou executar!

Matheus Santos Rodrigues Silva

Promessa de Serra



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Olha só que coisa engraçada isso aí.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

In saecula saeculorum.

O mal desse mundo é não querer amar
Ou até querer, mas ter medo.
É uma história feia e sem enrendo.
É a arte de não se esforçar.

O mais fácil ,o mais certo...
O mais simples, o mais perto...
A pergunta é: o que você quer?

Querer, querer... querer tanto...
Desejos febris de um gritar tão brando...

Aquilo que poderia ser é sempre mais belo por que nunca é!
Aquilo que não alcança você diz que nunca vem.
Contentar-se com o fracasso não é orgulho pra ninguém.
Ser o mártir, o coitado... não é prova de fé!

A derrota é uma consequência de um malogrado intento.
Não é a ciência a se seguir em todo momento.
Perder vem depois de lutar...
Por que aceitar a derrota que ninguém lhe obrigou a aceitar?

A liberdade não nos foi dada, mas parece que por que não foi negada nos recusamos a buscar...

Qual a lógica? Qual a razão?
Do que é que temos medo?
De não alcançar? De ouvir um não?
Isso não é motivo, isso é um erro!

Se o que você quer é tão grande,
Por que ser tão pequeno?
Se o que você quer é distante,
Corra! Corra e peça ajuda ao vento,
Mas não mate isso no berço...
Seja um todo e não um terço...

Se não pode mover a rocha, mova a palha, mas mova!

Matheus Santos Rodrigues Silva

Pra não dizer que eu não falei das flores - Acordem!



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Temos a história na mão e nos recusamos a mudá-la. Não é a história dos pobres. Não é a história das classes menos favorecidas e oprimidas. Não é a história do outro. É a nossa história. Se somos a geração que diz: "Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição: de morrer pela pátria e viver sem razão" somos aquela que não morre pela pátria e continua a viver sem razão.

Nos recusamos a assumir a responsabilidade por nossas próprias vidas. Não se trata de assumir uma responsabilidade social. Não se trata de assumir uma responsabilidade política. Nós nos recusamos a assumir a responsabilidade pelo nosso próprio destino e nos frustramos com as consequências. A culpa nunca é nossa. A culpa é sempre de um alguém; um alguém distante que não sou eu nem você e nem ninguém próximo o suficiente pra discordar de você e lhe atribuir a culpa.
Com certeza seremos a geração que vai morrer mais tarde e isso não significa que seremos a geração a viver mais.

Muitos daqueles que passaram também se recusaram a tomar nas mãos a responsabilidade pela própria vida e eles sempre foram os nossos exemplos. Nos justificamos com os fracassados, com os que não tiveram força e dizemos: é humano...

Nós nos subestimamos. Talvez por baixa auto-estima ou talvez por pura preguiça, não sei. O fato é que nos recusamos a admitir que podemos por que se o fizermos ficamos moralmente tentados a tentar e se tentarmos e falharmos... será uma decepção... e nós não suportamos decepções...

Nós estamos cada vez mais nos recusando a assumir a responsabilidade por nós mesmos e quem dirá sobre os outros. Temos medo de nos conhecer. Queremos aquele amor perfeito, aquele sonho, aquela vida bonita, mas não queremos construir. As vezes não queremos relacionamentos grandes. Dão trabalho e podem trazer decepções. Imagine construir algo lindo ao lado de alguém e depois de anos ver tudo desmoronar? Imagine você que o amor acaba... Imagine viver com toda a intensidade que você pode algo lindo por alguns instantes e ter a possibilidade de que isso não dure... imagine a tragédia de saber que o mundo não é perfeito... Imagine pior! Imagine saber que a culpa é sua! Imagine saber que você é responsável por tudo aquilo que cativas e é responsável pelo seu próprio destino... imagine pensar que você pode fazer tudo ou nada e ser feliz... imagine que você tem que escolher...


Temos medo de sofrer. Buscamos sempre o caminho menos penoso mesmo que ele nos leve aos sabores menos doces. Não importa se não é mel, importa que é doce. Não precisa ser a fruta mais gostosa, contanto que tenha gosto. Não precisa ser o pote no alto da prateleira, que você poderia até alcançar, mas ia dar muito trabalho, basta que seja um pote. 

Tudo tem dois lados ou até mais. Tudo tem a possibilidade de dar certo e de dar errado. Tudo pode ser horrível ou muito belo. Por que sempre olhar para o demônio na estátua?

Nos orgulhamos tanto em existir... todos existem... até mesmo uma pedra existe. O existir foi imposto a nós; não é motivo de orgulho.

Quando nos recusamos a tomar as rédeas da nossa própria vida é como se morressemos. Quando nos recusamos a dar o máximo de nós para conseguir o máximo que podemos, se caracteriza um desperdício pois a vida não vai voltar. Você nunca vai ser tão jovem quanto é nesse instante. Nunca mais vai ter tanto potencial quanto tem agora. Não importa se você tem 89 anos; no ano que vem terá 90...

A vida é feita de falhas e acertos. Derrotas e vitórias. Felicidade e decepção. Só queremos os acertos, as vitórias e a felicidade. Todos nós queremos. Eu quero, mas um certo aviador escreveu uma vez: "Eu tenho que suportar algumas lagartas se quiser conhecer as borboletas". 

Por fim eu digo: queremos muito amar as rosas. Pois saibam que quando se ama algo, se ama todo o algo. Não se ama apenas o perfume, a cor, a maciez ao toque. Se ama as folhas, se ama as raízes e também os espinhos.

Matheus Santos Rodrigues Silva

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O inverno I

Sopro doce que me congela a alma;
Furor macio de um penar gostoso;
Eu sinto o frio passar pelo meu rosto
ele vem leve e leva e a mim acalma

Dor, vento, escuridão!
Vestes difusas de um querer estúpido!
Mágoa, sangue em meu coração;
esse veneno doce, esse penar profundo...

Frio! Tiritante golpe em minha fronte;
Anestesia leve de meu sentir necrosado;
Leva do meu peito esse pálido semblante
que o meu querer insiste em ser lembrado...

Morto! Por fim de frio e fome ele morreu
lutou, lutou... em vão... e pereceu...
Acabou-se a luta e o luto se instaurou...
Acabou-se amigo... simplesmente acabou...

Inverno - As quatro estações - Antônio Vivaldi

Luto

E começa a canção que eu queria e não ouço;
o brilho estrelado agora é tão fosco;
a poesia, esse canto de eterna paixão
se esvaece e estremece... perdeu-se no vão.
Morre toda a esperança e o significado
e já se esquece a lembrança e não há desagrado;
é só prosa que resta... um canto passado;
a lembrança atesta, o coração, por outro lado,
já não sente, já não chora, não implora, já não mente...
E como eu já cantei sobre o pássaro do bico torto:
vêm ver a poesia e toda a esperança
quando declara a lembrança: está morto!

Matheus Santos Rodrigues Silva

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Amour - Liebe - Love - Amo - Amor - Rammstein

Amnésia desejada

Saia da minha mente...
Largue o meu coração!
Foi tudo tão de repente...
Aceita logo esse não...

Por que eu sou tão teimoso?
Por que eu sou tão imbecil?
Que sentir horroroso...
Que punição vil...

Poetas não deviam ter esse problema...
Deviam converter tudo numa bela poesia...
Eu estaria com a mente pura e plena...
E minha alma estaria vazia

a espera de novos amores;
a espera de novos horrores;
novos sentires dos mais incertos;
novas inspirações pra novos versos...

Que diabo deu em mim?
Eu quero sair desse claustro...
Eu quero fugir! Quero sim!
Meu amor é tão falso!...

Matheus Santos Rodrigues Silva