quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Alma

No instante em que o Amor me afaga;
no momento em que levanto e vejo,
peço a deus que dê qualquer lampejo
para escrever o que tenho na alma!

Alma é o que tenho, finalmente enxergo,
uma que me pertence e que não foi plantada,
uma alma bruta a ser lapidada,
um simplesmente eu, nem errado nem certo.

Do sossego que em mim declina,
da agonia que logo se instala,
se alimenta a ave de rapina
que há tantos anos me estraçalha.

Mas agora que já libertei
da mão a corrente , não vou deixar
que a ave venha se alimentar
Qual Prometeu, nunca serei!

Matheus Santos Rodrigues Silva

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Pejorativo

As pessoas divertem-se diversamente.
De versos, de prosas...
propósitos e propostas.

Também divergem...
convergem ou sem... sem saber,
mas aprendem a ler, a agir.

Taxo essa taxa imoral!
Taxista eu diria... no pejorativo: Taxeiro!
Como diria da puta o puteiro!
E da arte o dinheiro!

Matheus Santos Rodrigues Silva

O pano cai

Tanto tempo temos....
Tanto perdido, tanto passado,
do ponto em conserva
uma serva que ria
e chamava poesia
àquela última alegria
que então se findava...

Mas não dava
por falta do nada perdido
da voz de um amigo
do eco que entoa
a mais bela canção;
do rosto, da mão
pintados sem jeito,;
aquarela em confeito
feito palhaço em ação!

Verso adiante,
distante, diz tanto!
tão seco e tão pranto!
Está pronto e prantado no solo enxarcado
pelo sol e pelo fá...

fazer o que?
Só caminhar... sol, sol, sol...
E então olhar... lá, lá, lá...
pra ver chorar?
Si, si, si...
E então sentir... dó, dó, dó...

Matheus Santos Rodrigues Silva

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

...

Somos nada.
Nada pra lugar nenhum.
Nada por dentro, nada por fora.
Desvia, e agora?
Nada...

Nada serei. Nada serão.
Nada sereia, mas não nada em vão!

Nada? Que nada...
Nada não...

Que sabe? Nada...
E nadá, sabe?

Que nada?
Quem nada?

Nada somos.

Matheus Santos Rodrigues Silva

Janela

Olho pela janela do carro e vejo galopando as vias da dor, àqueles a quem deus, em seu infinito amor, esqueceu.

Aqueles que como eu
não rezam ao senhor,
mas não por esquecimento,
mas por não conhecimento de Deus ou seu amor.

Olho pela janela do carro e me deparo com um alguém
mais um que anda, mais um menino no meio de cem.
Ninguém.

Passo meus passos pensando piedosamente: Por que?
Quem sou eu para sentir pena deles?

Olho pela janela do carro. Essa janela que me separa desses ninguéns tão diferentes.
Volto meu olhar para a frente, para a pista, em diante e me deparo com um deles que parado aguarda o som do carro. Desvio, encontro o poste e o menino... o dano ao poste vai me sair mais caro...
Paro, saiu do carro. Observo. Ele está vivo.
Ele sangra e me olha nos olhos, aponta para minha testa... ela também estava sangrando... quem diria... sangramos igual!

Matheus Santos Rodrigues Silva