quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A beleza da poesia e sua vileza estúpida e vazia são dois pólos de um mesmo norte...

Figura bela e doce de um pensar esquecido no tempo.
Esquecido pra ser lembrado e lembrado ao tocar do vento.
Luz que invade o calabouço, eu ouço o teu passar.
É  venerado o  teu brilho, seja de sol ou de luar.

Mancha, mácula eterna. Débil praga de um só lamento.
Verdade sutil, escárnio. Corte sangrento que em vão lamento.
Doçura... pura...

Belo. Sortido estado de brilho e alento de um espírito alegre.
Ele sorriu aos transeuntes. Queria passar.
Fitou cada semblante com um só olhar que era tão ambíguo...
O que sentiria? Nada importava. Nada importa de fato. O entendimento escapa do devaneio. Não é válido...
Dançou. Com mil musas diferentes de mil lábios quentes e olhos que reluziam um único pensamento: belo!
Cansadas as musas vieram as ninfas, depois as tulipas e rosas e margaridas... Todas esquecidas pela sacra memória que olve a si mesma.
A música tocava-lhe os tímpanos e só lhe dizia uma coisa: Sois belo.
Ele sabia. Tinha plena certeza do estado débil e variado que podia causar o seu olhar, seu toque, seu som. Tinha certeza de ter vivido o suficiente pra entender isto e isto lhe era odioso...
Alegria. Mil vezes a trouxe como um anjo que pende do céu com uma flor e uma boa nova. Foram tantas que ele mesmo se alegrava com o que trazia. A doce lembrança do bem feito era consoladora. Lhe trazia a sensação de utilidade e significância.
Estranho... essas lembranças nunca se findavam com algo bom...
Dor. Ela esteve lá em cada sensação. Com cada musa. A primeira que ele conheceu lhe impôs a tirania de mil navalhas antes de tomá-lo em seus braços e sorrir. Sim. Ela sorriu pra ele e tudo se acalmou.
Em cada passo que dera pôde ver que a dor acompanha todos os traços de alegria. Como o som estridente do violino acompanha as cordas mais graves numa harmonia plena. A dor que causara, a dor que sentira... faziam parte do mesmo enlace de suas alegrias.
Elas lhe causavam prazer. A plenitude de seus sentimentos lhe causava prazer em todos os pontos. Dores e felicitações lhe eram belas como são belas as pétalas e os espinhos de uma rosa.
Ele aprendeu a ser tudo, a sentir tudo, a viver tudo. Cada laceração nova em seu peito lhe dava a certeza de que estava vivo. Cada gota de sangue era a prova de sua existência e se misturavam com cada sorriso...
Ele deu tudo a elas. Tudo que elas quiseram receber. Cada gesto, cada toque, cada olhar e sensação que lhes eram próprias. Tirou cada uma de seu paraíso ou inferno e as levou ao limbo das sensações humanas. Ao âmago do ser que sente e é consciente disso.
Cada significância limitante perdeu  o significado.
Ele as feriu. Arrancou-lhes pétalas, espinhos, seiva, carne, sangue, saliva, suor e sons.
Cada pedaço o habitava. Num lugar único que a mais ninguém era permitida a entrada.
Perguntavam muitos: O que seria aquilo?
Um louco, alguns diziam.
Talvez um anjo. Atirado dos céus pelo pecado de amar.  Um híbrido entre o mais divino e o mais profano. O mais tentador e o mais edificante. Algo entre o sacro e o diabólico... um ser humano.

Matheus Santos Rodrigues Silva

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