segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Notas de um observador

Noite. Momento magno de meu sentimento.
Em teu palco dançam nuvens de tormento
Enquanto me fita um olhar rubro
do sangue impuro dos imortais.

Céu. Negro como o fundo de meus olhos;
encoberto por um manto fosco;
usurparam a pureza do teu rosto
teus dias glórios já não voltam mais.

Do alto me olham quatro gigantes
imponentes a bloquear a aurora,
brilhando em seus artifícios ofuscantes
forçando o negro a ir embora.

Seus raios a ferir o céu,
abrem chagas em todo o firmamento
e ele chora sobre o meu papel
uma lágrima marcada e sem nenhum alento.

Coberto está todo o horizonte
pelo manto fosco da angustia e da dor
e eu ouço chorar lá ao longe
o som da noite que já se apagou.

Ao longe brilha uma esperança;
pisca um astro febril;
executa a mais bela dança
que nos ares dessa escuridão se viu.

Em meio do manto do desespero
abre-se um caminho novo
por onde passa sorrateiro
o brilho que eu julgava morto.

Só por um instante é que ele fica;
um instante a me fazer sorrir;
um instante único de vida
onde toda a dor põe-se a dormir.

É um instante até que o manto cresce
e toma de mim a luz que eu tanto amo;
sem luz, a pena que eu uso, apodrece
e o próprio brilho torna-se um estranho.

Sem pena eu tomo uso da caneta
e escrevo grossos versos de pesar
que bebem chorosos, pela noite preta
as lágrimas que beberia o mar.

E o vento sopra... sopra em meu papel
arrancando as letras de toda a palavra
arranca de mim e leva logo ao céu
pra que lá ao longe ela seja lembrada.

E assim corre o mapa a me encarar;
tão vasto e profundo em sua escuridão
o belo e eterno amante do mar
o grande carceireiro do meu coração.

Matheus Santos Rodrigues Silva

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