Noite. Momento magno de meu sentimento.
Em teu palco dançam nuvens de tormento
Enquanto me fita um olhar rubro
do sangue impuro dos imortais.
Céu. Negro como o fundo de meus olhos;
encoberto por um manto fosco;
usurparam a pureza do teu rosto
teus dias glórios já não voltam mais.
Do alto me olham quatro gigantes
imponentes a bloquear a aurora,
brilhando em seus artifícios ofuscantes
forçando o negro a ir embora.
Seus raios a ferir o céu,
abrem chagas em todo o firmamento
e ele chora sobre o meu papel
uma lágrima marcada e sem nenhum alento.
Coberto está todo o horizonte
pelo manto fosco da angustia e da dor
e eu ouço chorar lá ao longe
o som da noite que já se apagou.
Ao longe brilha uma esperança;
pisca um astro febril;
executa a mais bela dança
que nos ares dessa escuridão se viu.
Em meio do manto do desespero
abre-se um caminho novo
por onde passa sorrateiro
o brilho que eu julgava morto.
Só por um instante é que ele fica;
um instante a me fazer sorrir;
um instante único de vida
onde toda a dor põe-se a dormir.
É um instante até que o manto cresce
e toma de mim a luz que eu tanto amo;
sem luz, a pena que eu uso, apodrece
e o próprio brilho torna-se um estranho.
Sem pena eu tomo uso da caneta
e escrevo grossos versos de pesar
que bebem chorosos, pela noite preta
as lágrimas que beberia o mar.
E o vento sopra... sopra em meu papel
arrancando as letras de toda a palavra
arranca de mim e leva logo ao céu
pra que lá ao longe ela seja lembrada.
E assim corre o mapa a me encarar;
tão vasto e profundo em sua escuridão
o belo e eterno amante do mar
o grande carceireiro do meu coração.
Matheus Santos Rodrigues Silva
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