terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mon coeur s'ouvre à ta voix

Santo toque que nos uniu, eu lhe evoco e rogo... eu peço...
Nesse instante vão em que recomeço a sentir apertar-me o peito...

É um penar bom... é um sentir de espera pela maior certeza... é tamanha a beleza que me faz sorrir...

Mas senhor, aperta... aperta e eu quero que aperte, pois eu não sou inerte... eu gosto de sentir...

Eu só quero dizer-te que te amo e isso é forte... te espero de volta cá do norte... pra ser com você!

Matheus Santos Rodrigues Silva

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Veterano

I

Cruéis batalhas já viram meu rosto.
São tantas guerras as que eu já travei...
Cansado e ferido eu procurei repouso...
busquei tanto... e não encontrei...

Outras batalhas procurei travar
pra manter a vida, poder me alimentar.
Inúteis inimigos no caminho afora...
Os venci antes e venceria agora...

Descanso, paz... Palavras já sem significado...
A guerra não termina jamais... uma vez na luta, sempre soldado!

II

De uma terra estrangeira, surgiu outra batalha.
Um novo combatente quis me vestir uma mortalha
e tomar de mim as glórias de tantas vitórias
dar-me minha Waterloo sem mais demora.

Me dispus ao combate e não me arrependo.
Eu disse: Me mate! E ela disse: A contento!

Empunhei minha espada, tropas avançando...
Ela permaneceu parada... era parte de um plano...

Rondei, rondei... em vão pelo campo;
ela olhava e esperava... que olhar... um encanto...

Não pude entender, não pude aceitar...
Como iria vencer? Como iria ganhar?

Desci do cavalo em confronto direto.
Olhei, desafiei e ela chegou mais perto...

Não podia imaginar, mas ela era tão forte...
Não podia mensurar, mas me abandonava a sorte...

Ela olhou-me fixamente... era um olhar tão plangente...

Ela desafiou a minha história... estrangeira da vitória...

Desarmei-me e me pus a olhá-la... toda raiva passou...
Logo pude fala-la e seu olho chorou...

Ela então me abraçou... golpe certeiro...
Meu peito disparou...ficou tão ligeiro...

E ela beijou-me por fim...
Nunca imaginei que acabaria assim...

Tantas batalhas e eu nunca perdi...
ainda, pra mim, é difícil acreditar...
derrotado e levado e eu nem resisti...

Incrível, insano, fascinante o que vejo...
Vencido por um olhar...
Derrotado num beijo...

Matheus Santos Rodrigues Silva

Não és bom nem és mau

Não és bom nem és mal; és triste e humano... 
Vives ansiando, em maldições e preces.
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano. 

Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano, 
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes, 
Não ficas das virtudes satisfeito, 
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito 
Um demônio que ruge e um deus que chora.

Olavo Bilac

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Amor

"Quero encerrar o som doce da sua voz numa urna pra que fique guardada...
Quero encerrar o teu coração, que me ofereceste tão docemente, numa caixa para que nunca se gaste...
Quero guardar teus beijos onde o tempo não possa remover o gosto...
Quero guardar tuas palavras onde o espaço não possa engoli-las..."

Meu amor, saiba que isso é mentira...
Nada disso quero de ti e tu já sabes...
Eu já tenho a paixão que me invadira
e a condição de tocar a tua face...

Não encerraria a tua voz numa urna...
Quero-a liberta ao mundo para que possa gritar
expulsar de teu peito qualquer ira muda
que por ventura, nele, venha a se ajuntar.

Quero que grite ao mundo e livre venha me dizer
palavras das mais vastas ou apenas venhas colher
o fruto que plantou em meus lábios...

Não quero teu coração numa caixa...
Quero-o em teu peito a bater
firmemente quando me abraça
tão forte que eu posso morrer...

Sentindo ele bater e completar
o compasso de meu peito
que entoa sem jeito
um amo você!

Quero teus beijos ao vento
em meus lábios tremendo...

Quero que me mandes no ar
ou no toque ou o que for...
Quero beijar... e não aprisionar o teu calor!

Quero que suas palavras voem...
Como voamos nós dois.
E que todas elas ressoem
e que voltem depois!

Quero que todas partam pra ver o mundo
voltando ao meu ouvido a cada segundo...

Minha linda, amar é isso. É ser livre!
Janela e portas abertas pro luar!
Pro pôr do sol e o dançar do mar...
É assim que o amor vive...

Eu te amo por que te amo...
Por que você é você.
Por que eu sou eu.
E por que no meio do mundo ou a sós...
...Nós somos nós!

Matheus Santos Rodrigues Silva


*Para Mayana Lessa de Oliveira*

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vem

Roda a rosa do tempo a me mostrar vistosa
a força do vento, dessa brisa gostosa
que leva meu corpo e o meu pensamento até você...

Um instante conhecido, mas sempre novo
um beijo vivido e outro e outro...
O desejo, a libido, é tudo um pouco
a se repetir, de novo e de novo...

Por que não me canso?
Por que não se cansa?
Perguntas inúteis...

De um lado a luz assistia a beleza concreta de um sentir de dois donos;
um construir de um mundo novo que só pertence a nós...
O unir de duas almas serenas e sós... sós uma vez... sós pra não mais... sóis...

A luz astral descia lentamente por entre os véus alvos do céu...
Se escondendo envergonhada por ter própria beleza superada...

Libertou seus últimos raios no engrandecer do crepúsculo amarelo e rosado...
Libertou seus últimos raios com a liberdade desse sentimento...
Libertou seus últimos raios num céu já tão claro
pela força de um deus e o fim de seus lamentos...

Desceu o astro incandescente enquanto ascendia do outro lado a dama da noite.
Nua no mais puro dos cantos do céu, ela se pôs a olhar o espetáculo humano.
Tentando competir com a beleza do ato... em vão...

Entre o nascer e o morrer dos astros, tantas palavras...
Importa que o sol nasça? Importa que importe?
Por que ninguém liga?...

O toque macio deu a deixa pra o mais intrincado conjunto de sensações possível...
Uma cadeia aberta... Um não estar preso por vontade, mas voando! Livre!
Voando com meu amor em minhas costas! E não pensem que pesa! Na verdade deixa tudo mais leve! Deixa tudo mais fácil!

Alguns podem dizer: Voem até o horizonte! Mas eu digo: Já estou lá! Em cada canto frio ou quente em que repouso ou ando ao lado dela... cada canto é o horizonte! Nosso horizonte!

Medo. Medos passados... Esquece deles, musa... esquece...
Segura minha mão. Aperta firme que eu não vou te soltar!
É real. É de verdade. Esse sentir pode existir da forma linda que existe. Você não vai acordar desse sonho... Sonhos são meros projetos do quão linda pode ser a realidade...

Sou eu. O poeta. O libertino. O náufrago do vinho. Aquele que se encantou por teu olhar único.
Sou eu. A outra metade do deus antigo. Separados por trovões.
Sou eu. O anjo caído com uma missão que custou tanto a cumprir...
Sou eu. Aquele que viu e ouviu o mar tocar o céu. Que viu o céu refletir o mar e ser invadido por suas ondas para que pudesse crescer o suficiente para comportar todo esse sentimento...
Sou eu. O que sonha...

Vem comigo! Segura minha mão e anda! Como nos muros da barra, onde passamos com as vagas do mar por testemunhas...

sábado, 20 de novembro de 2010

Ele a ama e ana o ama também!

Pus-me a escrever infinitamente a uma musa que via;
alguém a quem amava, mas que não devia...
Dever é algo fraco, é um pensar de angustia,
mas que pode ser lembrado, confesso isso me assusta;
como algo bom. Um sentir doce
que faria bem, fosse o que fosse.
Mas volto a história da musa e da escrita;
ela enfrentou a dor, para vir, tão bonita,
declarar-me amor ainda que ferida e beijar os céus...
Pois para lá fomos nós após muito pranto
ter com os outros seres de aéreo encanto
papos de viveres e morreres vãos;
de tantos quereres e não quereres sãos.
Muito divertidos são estes papos
até de vampiros se discutem fatos
ou pura ficção... vem um olhar gostoso e um beijar na mão;
um toque no rosto e...
Tenho-a em meu peito a pulsar serena;
tenho em minha mente a certeza plena
de que amo a musa do verso estrangeiro que cantava;
Nossa! Eu amo a musa... ela é tão amada!

Matheus Santos Rodrigues Silva


*Para Mayana Lessa de Oliveira*

Undisclosed Desires - Muse



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I know you suffered
But I don't want you to hide
It's cold and loveless
I won't let you be denied
Soothe me
I'll make you feel pure
Trust me
You can be sure
I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognize your beauty's not just a mask
I want to exorcize the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your heart
You trick your lovers that you're wicked and devine
You may be a sinner
But your innocence is mine
Please me
Show me how it's done
Tease me
You are the one
I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognize your beauty's not just a mask
I want to exorcize the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your heart
Please me
Show me how it's done
Trust me
You are the one
I want to reconcile the violence in your heart
I want to recognize your beauty's not just a mask
I want to exorcize the demons from your past
I want to satisfy the undisclosed desires in your heart

sábado, 13 de novembro de 2010

Sussurro

Se a poesia que tomo em verdade e em meu sono
é tão grande quanto este sentir,
por deus, você tem que me ouvir
recitar meus versos em teus braços!
Seriam sons como afagos.
Toques dos mais vastos
que falariam tanto por mim...
E entenderias assim
o quanto és importante!
E assim, naquele instante
seria minha enfim!

Matheus Santos Rodrigues Silva

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Reverie

Corre o tempo que te cerca;
apaga a luz da noite imunda
é sacro o vento, vem e leva
a sorte em que o amor se afunda!


Palavras de um sentir escuso
olvido foi na própria morte;
velado o corpo, um intruso
perdido ao sul... perdido ao norte...


Veneno, reles suco de nada;
apaga e encerra o que não se pode pensar;
apaga a luz... simplesmente apaga...
é simples, é rápido, é fácil provar...


Livre chaga de febril açoite;
escara de um caminhar insano,
vil, senil, pueril, humano
estalar de línguas no murmurar da noite.


Sagrado manto que eu te tiro agora
e atiro e volto, está tudo lá fora...
Esquece e tece o que te chama 
o ninho, o calor, o vento, a cama...


Não lembra, é nada, é fogo, é gozo
É tempo que olvida a voz e o vento é tanto
que expele a forma de maior encanto
e eu fito e eu olho aquele rosto...


E é tão cruel de se pensar...
o tempo insano não vai voltar...
é beijo, é toque, é um pensar que espanta
e vem e volta e a loucura é tanta!
;
Não lembra como, onde e porque
remete a fonte, remete a você!
E o sono vela pelo maldito...
é o corpo dela aqui já despido...


Doce mormaço desse pensar confuso;
esquecida lágrima que em vão bebi;
eu te digo, amada, se puder me ouvir
lhe prometo amor... um amor tão sujo...


Lhe prometo agora e isso é tão fácil;
é tão simples dizer pra te ter pra mim;
é mentira? não sei... acredito que sim...
Lhe prometo amor, meu amor tão falso...


Entregue-se ao toque que não pode evitar
se puder... eu errei... mas não sou eu de errar...
vire-se... deite-se.... dispa-se ao meu mundo!
olhe em meus olhos... olhe bem fundo!


Diga o que sente 
me diga o porquê!
Me assombre e me atente!
Me diga: O que vê?


Matheus Santos Rodrigues Silva