sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Não és bom nem és mau

Não és bom nem és mal; és triste e humano... 
Vives ansiando, em maldições e preces.
Como se, a arder, no coração tivesses
O tumulto e o clamor de um largo oceano. 

Pobre, no bem como no mal, padeces;
E, rolando num vórtice vesano, 
Oscilas entre a crença e o desengano,
Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes, 
Não ficas das virtudes satisfeito, 
Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

E, no perpétuo ideal que te devora,
Residem juntamente no teu peito 
Um demônio que ruge e um deus que chora.

Olavo Bilac

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