quarta-feira, 30 de junho de 2010

Paz

A pena surge. Se impõe entre a mão e o papel de forma ousada.
Ela canta o sabor das rosas em minha mente, oh, pena vil! Oh, pena amada!

Tinta, papel, flores...
Dor, angústia, solidão...
Euforia, amigos, paixão...

Atirados ao infinito.
Atirados ao imortal.

Riscos, traços, malformações desenhadas por uma mão débil.
Tentativas roucas de um gritar sereno.
Destilar fácil... tão fácil de um veneno
Que aos poucos consome o ar febril.

Linhas precisas. Traços da única razão de estar vivo... são tantas...

Oh, papel eterno!
Oh, tinteiro lindo!
Como são belas as tuas manchas!

Fogo. Entidade que a alma consome, ao papel nada faz... como é frágil esta alma...
Água. Derradeiro fim de todo excesso, te peço, se acalma!
Ar. Sopro que leva cada verso ao olho alheio, não tenhas receio, na vida, tudo passa!
Terra. Firmamento em que colido a cada vôo. Prisão imensa que liberta o passo. Sente firme cada abraço, que sobre ti toques se encerram.

Poesia. Reza eterna daquele que sente,
Vaga pura em minha mente...
É tão somente a vagar,
a mais pura das vagas do mar...

Oh musa, esquece.
Esquece que um dia foi feito outro verso.
Esquece que a vida se vira ao reverso.
Esquece um segundo que a rosa fenece.

Toma em suas mãos esta flor.
Cálido presente do poeta.
Como não pétalas, meu amor?
Pois lhe faço algumas se tanto te inquieta!

Toma a minha mão. Segura firme.
Fecha teus olhos e então... se atire!

Pula! Pula que te aguarda o agrado
de um cair macio a salvo do mundo;
livre, acordado e sem rumo;
num campo, um jardim do outro lado...

Vê! Que a cada passo é menos preciso
e que é mentirosa a seta certa.
Vê! Que não se trata mais disso.
Agora é outra a minha meta.

Canta! Que as luzes param pra te ouvir.
Canta! Pois metrifica o silêncio!
Canta! Mesmo a alma amarga tu faz sorrir!
Canta! Teu timbre agudo é tão intenso!

Dorme... pena, papel, tinteiro, alma, rosa... musa, prosa...
Dorme... Que o sono te lembra na verdade... 
Só te esquece por maldade...
Estamos vivos!


terça-feira, 29 de junho de 2010

Diário de guerra

Amanhece. Todo o acampamento está calado. Ainda assim, ninguém dorme. Eu sei que ninguém dorme...
O dia foi cheio. Atravessamos o campo sob o fogo inimigo. Eles estavam lá!
Era impossível vê-los, mas estavam!
Logo as sete da manhã, fomos informados da missão. “É suicídio” ele disse, mas ninguém ouviu. Estávamos muito excitados com a oportunidade de encarar o inimigo e quem sabe até de fazer algo grandioso o suficiente pra ganharmos uma medalha! Era emoção demais!
O coronel em pessoa veio até nós. Ele nos animou e nos incentivou. “Vocês lutam com a força de uma nação inteira” ele disse... Uma nação inteira! Imaginei todo o país na expectativa. Nos apoiando, orando por nós! Nos campos, os camponeses se esforçam pra conseguir boas safras para o esforço de guerra. Para nos alimentar! Nas cidades, homens e mulheres se esforçam pra que disponhamos dos melhores equipamentos, da melhor vestimenta... já dispomos do melhor povo, sem dúvida!
Depois do discurso do coronel, tudo ficou claro pra mim: Eu tinha que estar naquele lugar. Era o meu destino!
Nos preparamos. Eu estava na equipe de assalto. Tínhamos que tomar um prédio. Me equipei com um fuzil, duas granas e uma pistola. Era suficiente. Eu não precisava de mais nada. Estávamos indo em direção aos malditos!
O plano era claro: A artilharia iniciaria o ataque a fim de desmembrar as linhas de defesa nas varandas. Depois nós entraríamos. Eram três equipes. Uma de assalto, onde eu estava, uma de cobertura e outra de retaguarda. A equipe de cobertura se posicionou num prédio ao lado, mas só conseguiram deixar um lado do prédio alvo sob sua guarda. Não importava. Qualquer maldito que levantasse um pouco a cabeça pra checar a rua estaria morto. A equipe de assalto entraria cobrindo todos os lados e a medida que fosse subindo, a equipe de retaguarda montaria postos pra proteger a retaguarda. Se tomássemos aquele prédio, faltaria muito pouco pra fábrica...
A artilharia lançou tudo que tinha nas varandas. Não havia sinal de inimigos por lá. Pelo menos não o suficiente dar sinal depois do bombardeio. Começamos.
A equipe de cobertura atirou algumas vezes e nós avançamos. E então algo aconteceu... Enquanto saiamos de nossos postos em direção ao prédio, os tiros dos homens da cobertura pararam. Pensei que eles tinham acabado com os inimigos de frente, mas algo deu errado...
Eu comecei a ouvir tiros. Faltavam uns 800 metros pro prédio quando os primeiros da minha equipe começaram a cair. Pareciam vir de todos os lados! Pareciam fantasmas! Era impossível precisar o locam onde eles estavam. Corremos. Corremos muito! Um dos nossos então gritou: “Recuar! Recuar!” Era inacreditável... tínhamos nascido para aquele momento... Os camponeses, as pessoas da cidade... eles estavam conosco... como era possível?
Era tudo muito assustador. Eu comecei a correr de volta aos nossos postos de defesa. Meus companheiros iam caindo e eu ia abaixando pra pegá-los e mais deles caiam e mais e mais... Nosso tenente já estava aos berros ordenando a retirada, mas eu não sabia no que prestar atenção. Eram muitos sons que se confundiam. As balas do inimigo, os gritos dos meus companheiros, os meus próprios gritos, o choro dos que estavam caídos, o choro dos camponeses... dos homens e mulheres das cidades... Estávamos lutando por eles! Não podíamos recuar! Eu pensei em voltar, mas tive medo. Tive muito medo.
Quando retornamos, ficamos sob fogo cerrado da artilharia inimiga. Estávamos desorganizados e muito reduzidos agora. Como tomar aquele prédio? Ele é vital...
Os homens da cobertura morreram. Eram cinco no total. A minha equipe era constituída por 25 bons homens, contando comigo. Só sobraram eu e mais cinco. Era desanimador. Tínhamos que tomar aquele prédio, mas agora precisávamos de reforços... Era vergonhoso. Não fizemos bem o nosso trabalho...
Por isso eu sei que estão todos acordados. Estão decepcionados consigo mesmos.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mar


Imensidão de um instante;
Espelho do tempo que passa;
Reflexo da imensa graça,
é a cópia do céu o teu semblante...

Mar... inacessível é o ponto de teu horizonte...
Onde o céu te toca, aos olhos é tão longe...

Mar... inalcançável é o teu fim...
Ao baixar de velas te navego assim:
Sem vento...

Nessa calmaria eterna eu inverto o leme;
procurando em meio a vaga o teu segredo;
desejo que tanto em meu peito treme,
e que encoraja a alma em meio ao medo.

Navego. Marinheiro errante, em mar distante... buscando um semblante...
numa vaga qualquer...

Matheus Santos Rodrigues Silva

Para Marina Marques

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Desenhos do blog

É com muito prazer que eu anuncio que, a partir de hoje, os desenhos divulgados pelo blog Vozes serão do acervo do desenhista Rodrigo Andrade(Digão).

Digão é um excepcional desenhista do qual eu sou fã e no qual eu aposto todas as minhas fichas como vai acabar no Louvre. Ele vai fazer medicina também e seria uma ótima se vocês dessem uma força pra convencer ele a fazer desenho. Afinal, é um concorrente a menos né?

Ah, por último, mas não menos importante, existem indícios de que Digão tenha habilidades psicográficas. Habilidades essas muito utilizadas durante as aulas de produção textual.

Seja bem vindo Digão!
Abração!

Matheus

quinta-feira, 24 de junho de 2010

The fly - U2



"It's no secret that a liar won't believe anyone else."
"It's no secret that a conscience can sometimes be a pest."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Simplesmente ridículo

Parece até brincadeira, mas é verdade: A Globo(Rede Globo) entrou com pedidos na FIFA para que o técnico Dunga seja punido. O motivo? Palavrões. É isso aí, pode rir a vontade! Você aí que joga ou pelo menos já viu um baba ou um jogo de futebol, já viu um jogo sem palavrões? Bem, eu não...

Mas esse não é o verdadeiro motivo da revolta da Globo.
O técnico Dunga acabou com os privilégios da emissora na transmissão de entrevistas e no contato com os jogadores da seleção. Isso irou os "democráticos" repórteres da emissora.
O último episódio do embate Dunga X Globo foi o veto de Dunga quanto a uma entrevista exclusiva da Globo com alguns jogadores da seleção. Dunga afirmou o seguinte: "Ou é com todo mundo ou não é com ninguém".
Eu pessoalmente achei uma atitude muito sensata e democrática. Por que será que a Globo não viu assim?
Ah! Já sei! Deve ser por que seus níveis de audiência estão caindo vertiginosamente com a abertura da transmissão da copa para outros canais abertos. Ou talvez por que o técnico Dunga não esteja baixando a cabeça e aceitando tudo que a emissora do falecido Marinho quer. Ou talvez os dois...

O fato é: Está se iniciando uma campanha pelo twitter para que ninguém assista ao jogo Brasil X Portugal, na sexta feira, pela Globo. Eu já entrei nessa e achei uma excelente idéia!

Junte-se a essa causa!

Matheus

Complexo de coitadinho

Depois das últimas coisas que vi, li e ouvi, eu precisava vir aqui pra expressar isso.
A campanha em torno da candidata Marina Silva do PV tem se mostrado um tanto quanto ridícula.
A imprensa coloca a candidata verde como a via de salvação, como a saída para os honestos, como a figura desvinculada da velha política brasileira. Cá pra nós, isso é uma piada.
A candidata verde se manteve durante trinta anos no PT, saindo em agosto de 2009. Este fato bastou para se montar uma aura de pureza em torno da candidata. Afirmando que sua saída se deveu as incongruências entre as propostas apresentadas pelo partido dos trabalhadores e o que se fez de fato e pelo pouco destaque dado a questão ambiental durante o governo LULA. Eu consigo acreditar nos motivos dela e acho até bastante corretos, mas existe um ponto nisso tudo que me irrita muito.

Marina Silva se tornou mais uma "coitadinha" desiludida pelo governo LULA, segundo a imprensa.

Não existem coitadinhos. Os políticos de modo geral, e no caso apresentado a candidata Marina Silva, procuram sempre se colocar numa posição agradável ao povo, e a posição de coitadinho é agradabilíssima! Quem não gosta do coitadinho?

Vejamos: O senador Cristovam Buarque deixou o partido dos trabalhadores em 2005 e disputou a presidência da república em 2006, mas em nenhum momento colocou sua decepção com o partido dos trabalhadores como base de campanha. Desde quando decepção é proposta de governo?

Marina Silva não tem nada de inovadora no quesito fazer política. Tem como candidato a vice um dos donos da Natura  e portanto, vinculada ao capital empresarial.
Seu partido, o PV, que se diz tão diferente dos outros, firma alianças estranhas tal qual PT e PSDB. Existem alianaças estaduais com partidos como PSDB, DEM... Fato vergonhoso e ao mesmo tempo muito comum na política brasileira.

Marina Silva e o PV fazem política como todos os outros partidos existentes no país. Qual o caso? Por que a estão colocando como via diferente?
A única coisa que difere a candidata do PV dos candidatos do PSDB e do PT é a total falta de base de governo.

Agora, voltando ao tema do coitadinho, esse complexo nacional é um tanto bizonho...
Por todos os lados se vêm injustiças e por todos os lados se vêm problemas, mas o povo brasileiro se recusa a tomar uma atitude. Esse tema foi posto em pauta, recentemente, numa aula de redação que tive. Se temos o conhecimento de que a coisa tá feia, por que não fazemos nada? A resposta foi essa: Por que a sociedade atual nos dá a possibilidade de amanhã estar por cima. Qualquer um, por mais difícil que isso seja, pode chegar lá, ou pelo menos é isso que se prega... Se você está na merda e sendo pisado hoje, fique tranquilo, amanhã é outro dia e você pode estar pisando em alguém!
Agora, o que isso tem haver com ser o coitadinho? É simples: Enquanto você não chega lá, tome uma postura defensiva.
O clichê nacional faz questão de transformar aqueles que estão "por baixo da carne seca" em vítimas, em coitadinhos. É assim com pobres, é assim com a população negra, homossexual, com as mulheres... É assim com as minorias. Nesse quesito eu me incluo pelo que já fiz. Quem sou eu pra defender os interesses do "povo"? Eles não me pediram isso. Não posso simplesmente falar por eles.
Não existem coitados, apenas pessoas! Aquele que estiver por cima vai ser sempre ter uma escolha: Oprimir ou não aquele que está por baixo. E a história tem nos mostrado que a segunda opção é pouquíssimo escolhida...

Temos que amadurecer políticamente. Não podemos votar num candidato ou candidata pela beleza física, nem pela identificação pessoal e nem por que ele é um "coitadinho" "batalhador". Temos que votar por aquilo que o candidato oferece em termos práticos. Temos que votar pelo discurso e pelo histórico do candidato. Temos que votar pela capacidade. E isso não é uma vontade minha simplesmente. É a prova da história.

Por último, façam essa pergunta a si mesmos: Se fosse necessário que realizassem uma cirurgia de alto risco, quem vocês escolheriam: Um médico comprovadamente capacitado ou um que vive matando paciente, mas que está se esforçando pra um dia chegar lá?(o coitadinho).

Matheus

domingo, 20 de junho de 2010

O lobo

Na noite que cresce, eu sou seu tormento;
Procuro, acho, mato e me alimento;
Na noite que encerra o eterno mistério,
sou seu maior medo, o inimigo mais sério.

Alguém, algum ausente à aurora,
que faz da fome o seu viver;
Arruína a alma arruína a rosa,
arranca o rumo a se esquecer...

Voraz fera, réu em juízo;
Rosnar rançoso, rente ao rosto;
Crime sangrento, crime preciso!
Em céu de sangue... vermelho fosco!

Culpado, eu sou por tirar-lhe a alma!
Por arrancar-lhe o que não tinha...
Por cortar-lhe a carne e matar-lhe a calma;
Por tomar-lhe a vida que agora é minha!

Culpado, eu sou pela minha fome...
Insaciável gula que me domina!
Pela natureza de querer teu sangue,
Querer teu corpo... é minha sina!

Fui feito assim.
Renegado da luz e irmão da lua,
e esse desejo cresce mais em mim...
de cravar meus dentes em tua carne nua...

Sou eu, a fera que te atormenta!
A besta, o monstro que tanto temes!
Sou teu escárnio, a tua afronta!
E diante de meus olhos tu tremes!

Eu sou a dor que já te esquece...
Aquele que deixa aberta a ferida...
Aquele que na névoa se esvaece...
Que tanto quer a morte como quer a vida...

Eu sou a eterna escuridão...
Os olhos da noite, dos quais foges em vão...

Matheus Santos Rodrigues Silva

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ensaio sobre a morte

O tempo leva, em carreira solta,
toda a matéria que se fez presente.
Todo dom e todo vício voa;
todo ser e pensar se faz ausente...

De repente e não mais que assim
tudo se acaba e corre em grande arrasto;
e não importa se o que havia era vasto,
não importa... sempre há um fim...

O prazo acaba, por mais que não se espere;
tudo se finda, rápido, em um momento;
não podemos negar por mais que nos exaspere,
que a esse mal não há nenhum alento.

Mas aí está a questão maior,
não é a morte a negação da vida,
é só um marco, um marco a penas e só!
Um não mais sarar de uma última ferida...

Matheus Santos Rodrigues Silva

Essa é uma humilde homenagem deste poeta a um de seus ídolos.

José de Sousa Saramago - de 16 de Novembro de 1922 até 18 de Junho de 2010, a mais bela voz de nossa língua.

Meus sentimentos a todos os familiares, amigos e fãs deste monumental escritor.

Descanse em paz... pai de todos nós escritores da língua portuguesa.


segunda-feira, 14 de junho de 2010

Síndrome de Estocolmo

Não mais... não mais...
Não vou reclamar...
Não há mais motivos...

I
Deixe vazar toda força que segura;
toda ira que sustenta;
deixa vazar esta aura pura,
esta esperança que me alenta...

Eu sei o que eu disse, mas não...
eu volto atrás... eu volto...
o que eu disse foi sem noção...
por favor... eu te imploro!

Eu mereço... eu mereço... eu mereço sim!
Não há mais culpados, fui eu quem errou...
Me perdoe, eu te peço! Não me ponha um fim...
Não diz isso... não diz... não diz que acabou...

II
Nós podemos voar! Além da linha do tempo!
Sentir nossos passos a cada segundo!
Só de pensar nisso eu já não aguento...
Eu perco meu norte... eu perco meu rumo...

Somos dois peregrinos perdidos pra sempre...
Somos duas palavras ditas juntas...
Somos marinheiros valentes!
Navegando em águas profundas!

III
Se ira! Exacerba tudo que sente!
Atira! Pois merece este peito demente!
Verta o meu sangue! Consuma o meu ser!
Eu quero que se manche pra nunca mais esquecer!

Juntos somos grandes e essa é a nossa sina!
Não consegue ver?.. Por que não consegue?..
Sua frieza... sua calma... me alucina!
E esse teu ar só alimenta a minha febre!..

Essa vaga chance de sorrir é tão injusta...
Pois eu choro... devias chorar...
Uma lágrima só, o que custa?
Uma só me faria parar...

IV
Por que quer isso?
Estamos condenados!
Eu corri tantos riscos
só por teus abraços...

Por que quer ir se eu não quero deixar?
Quando mudou nosso querer?
Em que buraco caiu o nosso amar?
Como que foi perecer?..

Eu sinto tudo isso dentro de mim... tão forte...
Não basta me punir?! Por que ir embora?!
Queria esquecer-te, mas não tenho esta sorte...
O que quer que eu faça agora?...

Se é o que quer, deve fazer...
Se é mais feliz, tem de ir...
Mas não me peça pra te conceder
a graça de me ver sorrir.

V
Não! Por favor!
Desculpe... eu não quis ser assim...
Foi só um momento de pavor,
não vai se repetir; confie em mim!

Se precisa disso, então se vá.
Só prometo que não vou te esquecer...
entenda, é muito pra se lembrar...
é muito pra deixar morrer...

Por você eu aguento, a você eu permito...
Parta o meu coração... ele é seu...
Faça tudo que quiser, mas eu aviso:
A metade de um homem jamais venceu!

VI
Eu sei que me machuca, que me fere,
mas assim é o amor: uma clausura.
Uma síndrome que rápida te esquece
e que provavelmente não tem cura.

Escapar, jamais...
nunca soltar...
Estão perdidos...

Matheus Santos Rodrigues Silva

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A um semblante

Raiz aveludada, toque terno que me tange
o tegumento todo o tempo , sem tocar...
Serenidade cálida envolvente;
Cravada e ramificada no meu peito;
Suga dele todo o nutriente;
Tira dele toda a vida... e eu aceito...

Raiz alegre, de ti nada quero.
Apenas ver-te inspirou-me uma poesia.
Garanto que de ti nada espero,
mas obrigado por conceder-me essa alegria.

domingo, 6 de junho de 2010

Peso morto

Evoco as forças que não me esquecem
a malograr um inimigo intento;
não sabem eles com quem lidam e apodrecem
a vociferar inutilidades ao vento...

Imbecis vos digo, pois assim vos penso.
Assim vos vejo e nada vai mudar;
vos considero mortos a rastejar,
pela podridão do próprio desalento.

Escárnio vil de um infeliz passado...
Restos solenes de uma cultura morta;
sois do que lembro o que menos importa;
gentalha imunda a se deixar de lado.

O que sois senão uma lembrança amarga?
Chagas estúpidas de um tropeçar qualquer.
O que sois senão uma simples praga?
Não sois nada do que podem ser...

Não passam de vermes a consumir carniça;
semblantes de maldizer e cobiça;
não passam de mortalhas vis...
Corpos jovens com almas senis...

São figuras sem significado...
Apenas fantasmas vivos...
...ecos do passado...

História

Amanhece nesse instante
Ouve-se a voz do infante
Declarar que a noite clara
Trouxe o inimigo para
Perto da fronteira, e agora?
Pergunta-se quartel afora...

As tropas de fronte raivoso
Ânimo vil e animoso
Passaram a noite fria
Marchando em euforia
-Chegaram a nossa frente
Com olhar impertinente!-
Disseram ao comandante
De triste e senil semblante
Que desgostoso dessa vida
Olha a força inimiga:
-O dobro de nós- Ele disse...
-Não venceremos- Que triste...

Planeja-se a fuga com vontade
-Pela rota primeira sai a metade-
Declara o tenente.
-E quanto a nós? Quando vamos?- Grita algum demente.

-Meu senhor, e a coragem?-
-Lutar contra eles? É insanidade!-
-Meu senhor, e o povo?-
-Não se preocupe com eles. Nascerão de novo.-

-Meu senhor, é errado...-
-E tu és desgraçado!-
-Me ajude e se cale!-
-Esta turba de infames nada vale!-

Tem começo a retirada.
Louca e desesperada
Sem motivo, sem porquê...
É difícil assim de ver?

Corre o grupo de malditos
Saltitantes aos gritos
Fugindo do ferro e do fogo
Se escondem atrás de um morro.

-E agora, senhor? Que fazer?-
-Agrupar e se esconder!-
-Mas, senhor, estão nos humilhando...-
-Não se preocupe pois eu tenho um plano!-

E lá se recolheram o senhor e os demais.
Uma tropa de oficiais.
Tatus abaixo da terra.
Heróis da pátria... heróis da guerra...
Ardilosos eles foram;
Escondidos atrás de um morro
Passaram aquela tarde...

De repente se ouviu então
O esbravejar de um poeta,
Gritos e mais gritos, morte certa,
Eles atacavam o portão!

A cidade sitiada, todo povo a correr,
Fuga desenfreada... estão livres pra morrer!

Abandonados foram por seus oficiais,
Só lhes restava resistir... resistir... nada mais!

Começou a vil batalha, os oficiais a assistir.
Tiros e mais tiros, não parava, e as balas a se esvair!

Dor, angústia se via... em cada semblante esquecido;
Lutavam por suas vidas contra o furor do inimigo...

Um horror tão poderoso que chorou o capitão...
Tantos tiros e tantos corpos... espalhados pelo chão...

Aquela noite passaram ouvindo o murmurar
De corpos e mais corpos agonizantes ao luar...

Era demais pra se lembrar... escolheram esquecer...
É mais fácil de aguentar, é melhor que enlouquecer...

O dia raiou novamente.  Céu tão lindo e vistoso
Que chegava a ser desrespeitoso tanto brilho em meio aquilo...

-Os inimigos sumiram- Disse o tenente.
-Vamos checar- Disse um coronel.
-O que é isso!? Meu deus do céu!
-Estão todos mortos! Todos mortos...-

-Quem está morto?!- Disse o general
-Toda força do nosso inimigo...-

-Não pode ser! É um milagre!-
-Onde está o povo?-
-Por todos os lados...-
-Todos estão mortos...-

-Se acabaram...-
-Lutaram pelas próprias vidas...-
-É claro, imbecil! Por que mais lutariam?-
-Não sei... mas eles perderam...-
-É assim a guerra. Uns vencem e outros são derrotados-

-Mas... e quanto a nós?-
-Vencemos...-

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Estações

A noite veio, só mais um dia,
 nada esperava, e o sol sumia...
Segundos passaram, num passado distante;
As estrelas vagavam, pelo céu de brilhante.

Certa voz eu ouvi, num segundo final;
uma pergunta feita e então respondida,
questão findada, veio a despedida ,
um dia qualquer... um dia normal.

E então veio o dia, o esplendor da aurora
que refletia e chamava à toda vida lá fora;
chamava e dizia: Ai que alegria!
Chamava, chamava, sorria, calava...

E o dia se fez de passos e cores
na noite de vidro sem porquês nem pudores;
e o dia se fez de sorrisos e abraços,
sempre prometidos e nunca tocados;

E o dia se fez na pura poesia,
ninhos de pássaro que em outros olhos eu via;
terras distantes, mares profundos,
rios e pedras de todos os mundos!


Tanto e tudo pra se falar
e revelar a história de um dia;
tudo que existe entre o céu e o mar
e que não via ou tocava, sentia!

E fez-se da aurora a mais bela rosa
em idos da primavera que de perto se via;
vertido foi o néctar de flor tão honrosa,
beleza tão prosa quanto poesia.

Era noite!- Diziam, mas eu via dia,
nos escuros talhados, as estrelas distantes,
se faziam faróis, luminosos, brilhantes,
e como num sol toda a noite Luzia!

Cada toque distante e sorriso calado...
Era impressionante o que aquilo fazia,
o distante ficava no passado,
e o presente... tão perto, inundado em alegria!

O dia seguia com seus vários astros,
brilhando, brilhando... em tudo que existe!
Procurei por olhos e os achei tão vastos!
Estavam tão castos e não mais tão tristes.

Os astros me viam, as pessoas me olhavam,
e então eu ouvia: - Olha pra outro lado!
E eu não conseguia... era um fardo canção;
tão difícil e alegre... sem porquê, sem razão.

As ousadas estrelas piscavam distantes
entreter-me já não podiam e por isso brilhavam
mais e mais e não se esgotavam;
já não me encantavam tanto como antes.

E meus olhos abriram, e meus olhos fecharam,
num despertar calaram, os meus lábios então.
um toque que tão somente de tão docemente prendeu minha mão,
lavou minha alma... e as pessoas olharam e as estrelas piscaram... e então... então...

O doce caminhar em cada momento,
cada pensar que nada dizia
e o sentir tão puro me consumia,
que eu mal sabia o que estava vendo...

Mas ela dizia e era verdade... o que ela dizia?
Misturou-se a vontade com a alegria.
O som do luar que tudo ilumina,
levantou-lhe o olhar e deixou-me sem rima.

E tocava e tocava... dedilhados da lua,
que na tarde mostravam minha mente tão nua!
Tão frágil, é verdade,
coberto de amor e vulnerabilidade...

Terminava o dia e me abraçava,
e então sorria, e então chorava,
a primeira ela, o segundo o peito,
beijou-me ela, fiquei sem jeito...

Perdeu-se a força e a palavra
já não podia, já não ligava,
eu só sentia, continuava
amando tão perto em mim.

O dia foi, a noite veio,
e eu pensava, já algum receio;
eu não temia, porém já nada,
o que eu amava era maior!

Um canto fez-se, e o dia veio,
a sair me pus, não a passeio,
obrigado estava a sair de casa,
olhar as ruas, já tão sem graça...

Sem ser, sem ela
não mais falava;
só mais um dia... me conformava,
aguardo, aguardo sim!

O tempo foi, e era dia;
nada que estava me comovia;
o amor sentido não me deixava,
e eu o dizia sem ter palavra:

O tempo foi, também foi ela;
foi-se o perto, caiu por terra,
perdeu-se o toque, mas não ligava
se me perdia, não mais me achava.

E eu gostava, eu não queria,
ser encontrado, na noite ou dia.
queria apenas, sentir-te agora
não deixaria que fosse embora.

-E agora e agora?-
Eu perguntava.
Mas que maldade. Eu não sabia.
Que saudade era assim...

Chegou-me então a vil palavra,
e cada linha me dilacerava!
Mal pude ler e já chorava...
Sozinho, me fez você.

E então em prosa, não mais poesia,
veio o silêncio, foi-se a alegria,
morreu-se o alento e a esperança,
exigiu-me a calma de uma criança.

Perdido estava, mas já sozinho.
Eu procurava por um caminho.
Anjos eu vi e os rejeitei.
O porquê disso eu já não sei...

O que me fizeram?
Foram palavras!
Apenas lidas, jamais faladas...
Achado eu fui então...

Quebrou-se o elo que nos ligava,
o sentimento já me doía,
uma dor tão forte, uma agonia!
o que faltava? Uma palavra...

Do céu brilhante se fez a dor,
o que eu esperava jamais voltou,
e o tempo morto que só chovia,
só me lavava e me esquecia...

Distante está setembro agora;
não mais espero, estou lá fora
olhando o mundo que me rodeia
que tanto me ama quanto me odeia.

Eu esperava... eu não devia...
Eu te cobrava... mas não sentia...
Qual o erro?... O desagrado?
Justo por mim mesmo fui derrotado...

A luz da estrela tanto me agrada,
mas sinto falta do que eu sentia,
achar na vaga a calmaria,
o vento não diz-me nada...

Eu não mais sinto... estou vazio...
Não mais te lembro, és só um eco...
Um sentimento já tão sutil.
Se eu dormia... então desperto...

Não. Mas não foi ilusão.
Não foi sonho, foi verdade.
Por mais que tenha findado a saudade.
Eu não sonhei... não... não!

Um sentimento de uma’lma amiga.
Um sentimento já tão raro,
Me parece claro:
Mesmo que suma o amor... a beleza fica!

Matheus Santos Rodrigues Silva

*Achei essa poesia nos confins do meu mp4. É bastante velha, mas nunca é tarde pra postar*

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Anúncio de publicação

É com muito orgulho que eu venho até aqui anunciar que serei publicado!

Duas poesias de minha autoria, "O homem" e "Solaris", foram selecionadas para compor a antologia poética de nome "O segredo da crisálida" pela editora Andross.

A publicação acontecerá em agosto em São Paulo, mas estará disponível em outras regiões do país(incluindo Salvador).

Quero agradecer a todos que acompanham o blog e pedir uma força na venda do livro! xD

Um enorme abraço a todos!

terça-feira, 1 de junho de 2010

To somebody that I don't know

You have something that I want
You have something that I need
Yeah, I know, I could be wrong,
But it is not what I see

You have the place where I’m happy
You have the colors and the tastes
If you give me a chance, I promess, I’ll follow you
To any home… to any place…

To the skyline, across the universe
To every moment kind, when everything is right or everything in reverse

I don’t speak in my mother’s tongue,
But I assure you: That I’m not wrong!

Just hear me, one more time
Take my hand, we’ll to the other side!

I’m not speaking with somebody I know,
Maybe I am, but I don’t think so…

I’m talking with who want to listen
I’m talking with who want to see
I’m not talking about a feeling missing
I’m just talking about you and me

Who are you?
Listen: I don’t know…
Where are you?
Listen: I don’t know…

When you will read it?
Listen: That’s no matter…
When you will met it?
Listen? That’s no matter…

Matheus Santos Rodrigues Silva

Crescer

Do tempo que persiste em passar em pranto,
roguei por saída, sim roguei;
chorei pela vida assim me amedrontando,
tive medo ainda que não mais rezei.

Amarguras vis que consomem a alma
são parte do fado do viver terreno;
uma hora irrita outra hora acalma
Aprendizado amargo, simples, puro  e pleno.

É por hora então que a vida exige
que se ascenda a alma e que o temor decline;
é hora então de deixar a geração triste
e como condor elevar-me ao vôo sublime.

Pois então entrego a mim a mesmo a solução
Que nada encerra se não outra pergunta:
Consciência minha que na noite afunda,
O que encerra o medo se não ilusão?

Matheus Santos Rodrigues Silva