quarta-feira, 30 de junho de 2010

Paz

A pena surge. Se impõe entre a mão e o papel de forma ousada.
Ela canta o sabor das rosas em minha mente, oh, pena vil! Oh, pena amada!

Tinta, papel, flores...
Dor, angústia, solidão...
Euforia, amigos, paixão...

Atirados ao infinito.
Atirados ao imortal.

Riscos, traços, malformações desenhadas por uma mão débil.
Tentativas roucas de um gritar sereno.
Destilar fácil... tão fácil de um veneno
Que aos poucos consome o ar febril.

Linhas precisas. Traços da única razão de estar vivo... são tantas...

Oh, papel eterno!
Oh, tinteiro lindo!
Como são belas as tuas manchas!

Fogo. Entidade que a alma consome, ao papel nada faz... como é frágil esta alma...
Água. Derradeiro fim de todo excesso, te peço, se acalma!
Ar. Sopro que leva cada verso ao olho alheio, não tenhas receio, na vida, tudo passa!
Terra. Firmamento em que colido a cada vôo. Prisão imensa que liberta o passo. Sente firme cada abraço, que sobre ti toques se encerram.

Poesia. Reza eterna daquele que sente,
Vaga pura em minha mente...
É tão somente a vagar,
a mais pura das vagas do mar...

Oh musa, esquece.
Esquece que um dia foi feito outro verso.
Esquece que a vida se vira ao reverso.
Esquece um segundo que a rosa fenece.

Toma em suas mãos esta flor.
Cálido presente do poeta.
Como não pétalas, meu amor?
Pois lhe faço algumas se tanto te inquieta!

Toma a minha mão. Segura firme.
Fecha teus olhos e então... se atire!

Pula! Pula que te aguarda o agrado
de um cair macio a salvo do mundo;
livre, acordado e sem rumo;
num campo, um jardim do outro lado...

Vê! Que a cada passo é menos preciso
e que é mentirosa a seta certa.
Vê! Que não se trata mais disso.
Agora é outra a minha meta.

Canta! Que as luzes param pra te ouvir.
Canta! Pois metrifica o silêncio!
Canta! Mesmo a alma amarga tu faz sorrir!
Canta! Teu timbre agudo é tão intenso!

Dorme... pena, papel, tinteiro, alma, rosa... musa, prosa...
Dorme... Que o sono te lembra na verdade... 
Só te esquece por maldade...
Estamos vivos!


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