domingo, 6 de junho de 2010

História

Amanhece nesse instante
Ouve-se a voz do infante
Declarar que a noite clara
Trouxe o inimigo para
Perto da fronteira, e agora?
Pergunta-se quartel afora...

As tropas de fronte raivoso
Ânimo vil e animoso
Passaram a noite fria
Marchando em euforia
-Chegaram a nossa frente
Com olhar impertinente!-
Disseram ao comandante
De triste e senil semblante
Que desgostoso dessa vida
Olha a força inimiga:
-O dobro de nós- Ele disse...
-Não venceremos- Que triste...

Planeja-se a fuga com vontade
-Pela rota primeira sai a metade-
Declara o tenente.
-E quanto a nós? Quando vamos?- Grita algum demente.

-Meu senhor, e a coragem?-
-Lutar contra eles? É insanidade!-
-Meu senhor, e o povo?-
-Não se preocupe com eles. Nascerão de novo.-

-Meu senhor, é errado...-
-E tu és desgraçado!-
-Me ajude e se cale!-
-Esta turba de infames nada vale!-

Tem começo a retirada.
Louca e desesperada
Sem motivo, sem porquê...
É difícil assim de ver?

Corre o grupo de malditos
Saltitantes aos gritos
Fugindo do ferro e do fogo
Se escondem atrás de um morro.

-E agora, senhor? Que fazer?-
-Agrupar e se esconder!-
-Mas, senhor, estão nos humilhando...-
-Não se preocupe pois eu tenho um plano!-

E lá se recolheram o senhor e os demais.
Uma tropa de oficiais.
Tatus abaixo da terra.
Heróis da pátria... heróis da guerra...
Ardilosos eles foram;
Escondidos atrás de um morro
Passaram aquela tarde...

De repente se ouviu então
O esbravejar de um poeta,
Gritos e mais gritos, morte certa,
Eles atacavam o portão!

A cidade sitiada, todo povo a correr,
Fuga desenfreada... estão livres pra morrer!

Abandonados foram por seus oficiais,
Só lhes restava resistir... resistir... nada mais!

Começou a vil batalha, os oficiais a assistir.
Tiros e mais tiros, não parava, e as balas a se esvair!

Dor, angústia se via... em cada semblante esquecido;
Lutavam por suas vidas contra o furor do inimigo...

Um horror tão poderoso que chorou o capitão...
Tantos tiros e tantos corpos... espalhados pelo chão...

Aquela noite passaram ouvindo o murmurar
De corpos e mais corpos agonizantes ao luar...

Era demais pra se lembrar... escolheram esquecer...
É mais fácil de aguentar, é melhor que enlouquecer...

O dia raiou novamente.  Céu tão lindo e vistoso
Que chegava a ser desrespeitoso tanto brilho em meio aquilo...

-Os inimigos sumiram- Disse o tenente.
-Vamos checar- Disse um coronel.
-O que é isso!? Meu deus do céu!
-Estão todos mortos! Todos mortos...-

-Quem está morto?!- Disse o general
-Toda força do nosso inimigo...-

-Não pode ser! É um milagre!-
-Onde está o povo?-
-Por todos os lados...-
-Todos estão mortos...-

-Se acabaram...-
-Lutaram pelas próprias vidas...-
-É claro, imbecil! Por que mais lutariam?-
-Não sei... mas eles perderam...-
-É assim a guerra. Uns vencem e outros são derrotados-

-Mas... e quanto a nós?-
-Vencemos...-

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