quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pesadelo

"Avançamos em duas fileiras. Era mais que o suficiente pra abatê-los. Senti o vento bater em meu rosto de uma forma diferente... Era como se tentasse me acalmar... É estranho como isso me afeta... Começamos. Os bárbaros são como animais raivosos. Não sentem e não entendem quando estão derrotados. Sofri o primeiro golpe no escudo e logo tive meu elmo atingido por alguma coisa muito pesada. Fiquei tonto... fui parar no chão e atacado por dois bárbaros imundos. Eles me fitaram com um olhar embebido num ódio inacreditavelmente assustador. Eu ia morrer. Eu tinha certeza de que ia morrer. Vi os campos elísios de aproximarem de mim. Era um sol mais que brilhante que eu já vira, no entanto me ofuscava os olhos. Ele se aproximava lentamente tal qual o machado do maldito bárbaro. Nunca pensei que o tempo fosse diferente na hora da morte. Ele descia audacioso e aquele sol se aproximava e me ofuscava mais... Vi uma luz. Um sol brilhante... Até mais que um anterior. Protegi os olhos e tentei fitá-lo. Não doía... Era ela..."

191 D.C

"Não podia entender. O que via diante de mim? Parecia um milagre do senhor em sua terra sagrada. Ela me olhava com os olhos mais piedosos do mundo. Senhor Deus, me perdoe... talvez esteja blasfemando. Sei que ela não é mais uma virgem e não pode ser comparada a Santa virgem Maria, mas foi a imagem mais próxima dela que eu já vi... Mais bela que todas as pinturas de Roma ou de Constantinopla. Mais bela que a minha imaginação... Os sarracenos ainda tinham raiva em seus olhos... e ela... ela tinha Amor... Certa vez, Frei Giulliano nos falou sobre o Amor de Deus. Eu tinha apenas 12 anos e ouvi tudo tão maravilhado... Peço perdão mais uma vez, Senhor Meu Deus, mas o olhar que ela me fitava estava repleto de seu Amor... Sei de nossa condição de criatura, mas senhor... Ela estava lá!.."


1213 D.C

"E me olhava... fixamente... Aquele sol ofuscante... não vou pra lá! Eu prometi que não caminharia em sua direção... nos disseram "até a morte" antes de sairmos daquele quartel. Estávamos tão animados! Se eu não levantar agora eles vão... Não! Ela está olhando pra mim... Perdão, Amor... Perdão! Perdão se cheguei até aqui... na iminência de minha morte só o que vejo é você!"


1943 D.C

Acordei.

Matheus Santos Rodrigues Silva

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Psicografia

Cantei. Da augusta chama o fiel sorriso
que sempre preciso, olhava o meu sono.

Sonhei. Com a mais bela dama que com seu sorriso me emprestou sentido!
Ares de amizade em voga, em tempo e sempre!

Canto secreto das faixas eternas...

Entender? Que adianta? Esta poesia é tanto!

Não faço sentido para os que não são meus.
Só a eles pertenço e devo explicações.
Só por eles rogo e a eles dou razões.

Deus... Nunca mais abri a boca pra falar-te.
Nem mesmo pedir-te piedade. Acho que só te buscam os solitários... Seria ingratidão?
Não.
Fizeste os homens para serem deles e não teus, como bom pai que és.
Se acaso digo besteiras, que mal há? Não vai se incomodar.
Quem sou eu para incomodar-te?

Tornar-se homem é um caminhar difícil...
O menino ainda chora por fenecer a rosa...
O iludido ri pela mesma razão...
O sábio contempla a triste ilusão...

Mas os homens sabem: Ela não fenece!

Matheus Santos Rodrigues Silva

Cantos de Amor II

Porque o Amor é muito maior do que se pensa.
Fita o poeta em meio a névoa densa
sem muitas perguntas, sem muitas delongas.
O Amor não é uma terra de verdades prontas!

Pensa a turba de replicadores
ser o Amor um fato conhecido.
Assunto dominado, só mais um sentido...
Tolos...

Como disse Pessoa: "Pensar é não compreender"
Pensar, pensar... é não saber!
Descobri isso não pensando.
Agindo e não falando.

No Amor você não se dá conta
Você nem espera
Você não se apronta!
Por isso é sincero!

Matheus Santos Rodrigues Silva

Cantos de Amor I

Hoje aqui me ponho em feliz intento
a criar-te doces e singelas trovas,
para levar até seu pensamento
das palavras, as mais formosas!

Vive o mundo num penar doloroso
de que se esquece a falta, a vida e a beleza
faço então, em nossa casa, um mundo novo!
Do qual bano para sempre a cruel frieza

e a danosa angústia do sentido vão.
Digo e repito, em sútil paixão
o quanto importa a cor do teu olhar
de um castanho lindo e um doce brilhar!

Quero levar-te ao peito o que dizem que morre;
esse sentido raro de Amor Maior,
Que muitos não acham no tempo que corre,
mas eu sortudo achei em ti, em ti e só!

A este poeta em fato falta algum engenho
já diria Camões, antes do mortal penho
"aqui falta saber, engenho e arte"
Verdade...

Matheus Santos Rodrigues Silva

s2 Para Priscila Leão Guimarães s2