sexta-feira, 4 de junho de 2010

Estações

A noite veio, só mais um dia,
 nada esperava, e o sol sumia...
Segundos passaram, num passado distante;
As estrelas vagavam, pelo céu de brilhante.

Certa voz eu ouvi, num segundo final;
uma pergunta feita e então respondida,
questão findada, veio a despedida ,
um dia qualquer... um dia normal.

E então veio o dia, o esplendor da aurora
que refletia e chamava à toda vida lá fora;
chamava e dizia: Ai que alegria!
Chamava, chamava, sorria, calava...

E o dia se fez de passos e cores
na noite de vidro sem porquês nem pudores;
e o dia se fez de sorrisos e abraços,
sempre prometidos e nunca tocados;

E o dia se fez na pura poesia,
ninhos de pássaro que em outros olhos eu via;
terras distantes, mares profundos,
rios e pedras de todos os mundos!


Tanto e tudo pra se falar
e revelar a história de um dia;
tudo que existe entre o céu e o mar
e que não via ou tocava, sentia!

E fez-se da aurora a mais bela rosa
em idos da primavera que de perto se via;
vertido foi o néctar de flor tão honrosa,
beleza tão prosa quanto poesia.

Era noite!- Diziam, mas eu via dia,
nos escuros talhados, as estrelas distantes,
se faziam faróis, luminosos, brilhantes,
e como num sol toda a noite Luzia!

Cada toque distante e sorriso calado...
Era impressionante o que aquilo fazia,
o distante ficava no passado,
e o presente... tão perto, inundado em alegria!

O dia seguia com seus vários astros,
brilhando, brilhando... em tudo que existe!
Procurei por olhos e os achei tão vastos!
Estavam tão castos e não mais tão tristes.

Os astros me viam, as pessoas me olhavam,
e então eu ouvia: - Olha pra outro lado!
E eu não conseguia... era um fardo canção;
tão difícil e alegre... sem porquê, sem razão.

As ousadas estrelas piscavam distantes
entreter-me já não podiam e por isso brilhavam
mais e mais e não se esgotavam;
já não me encantavam tanto como antes.

E meus olhos abriram, e meus olhos fecharam,
num despertar calaram, os meus lábios então.
um toque que tão somente de tão docemente prendeu minha mão,
lavou minha alma... e as pessoas olharam e as estrelas piscaram... e então... então...

O doce caminhar em cada momento,
cada pensar que nada dizia
e o sentir tão puro me consumia,
que eu mal sabia o que estava vendo...

Mas ela dizia e era verdade... o que ela dizia?
Misturou-se a vontade com a alegria.
O som do luar que tudo ilumina,
levantou-lhe o olhar e deixou-me sem rima.

E tocava e tocava... dedilhados da lua,
que na tarde mostravam minha mente tão nua!
Tão frágil, é verdade,
coberto de amor e vulnerabilidade...

Terminava o dia e me abraçava,
e então sorria, e então chorava,
a primeira ela, o segundo o peito,
beijou-me ela, fiquei sem jeito...

Perdeu-se a força e a palavra
já não podia, já não ligava,
eu só sentia, continuava
amando tão perto em mim.

O dia foi, a noite veio,
e eu pensava, já algum receio;
eu não temia, porém já nada,
o que eu amava era maior!

Um canto fez-se, e o dia veio,
a sair me pus, não a passeio,
obrigado estava a sair de casa,
olhar as ruas, já tão sem graça...

Sem ser, sem ela
não mais falava;
só mais um dia... me conformava,
aguardo, aguardo sim!

O tempo foi, e era dia;
nada que estava me comovia;
o amor sentido não me deixava,
e eu o dizia sem ter palavra:

O tempo foi, também foi ela;
foi-se o perto, caiu por terra,
perdeu-se o toque, mas não ligava
se me perdia, não mais me achava.

E eu gostava, eu não queria,
ser encontrado, na noite ou dia.
queria apenas, sentir-te agora
não deixaria que fosse embora.

-E agora e agora?-
Eu perguntava.
Mas que maldade. Eu não sabia.
Que saudade era assim...

Chegou-me então a vil palavra,
e cada linha me dilacerava!
Mal pude ler e já chorava...
Sozinho, me fez você.

E então em prosa, não mais poesia,
veio o silêncio, foi-se a alegria,
morreu-se o alento e a esperança,
exigiu-me a calma de uma criança.

Perdido estava, mas já sozinho.
Eu procurava por um caminho.
Anjos eu vi e os rejeitei.
O porquê disso eu já não sei...

O que me fizeram?
Foram palavras!
Apenas lidas, jamais faladas...
Achado eu fui então...

Quebrou-se o elo que nos ligava,
o sentimento já me doía,
uma dor tão forte, uma agonia!
o que faltava? Uma palavra...

Do céu brilhante se fez a dor,
o que eu esperava jamais voltou,
e o tempo morto que só chovia,
só me lavava e me esquecia...

Distante está setembro agora;
não mais espero, estou lá fora
olhando o mundo que me rodeia
que tanto me ama quanto me odeia.

Eu esperava... eu não devia...
Eu te cobrava... mas não sentia...
Qual o erro?... O desagrado?
Justo por mim mesmo fui derrotado...

A luz da estrela tanto me agrada,
mas sinto falta do que eu sentia,
achar na vaga a calmaria,
o vento não diz-me nada...

Eu não mais sinto... estou vazio...
Não mais te lembro, és só um eco...
Um sentimento já tão sutil.
Se eu dormia... então desperto...

Não. Mas não foi ilusão.
Não foi sonho, foi verdade.
Por mais que tenha findado a saudade.
Eu não sonhei... não... não!

Um sentimento de uma’lma amiga.
Um sentimento já tão raro,
Me parece claro:
Mesmo que suma o amor... a beleza fica!

Matheus Santos Rodrigues Silva

*Achei essa poesia nos confins do meu mp4. É bastante velha, mas nunca é tarde pra postar*

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