terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A sombra de uma escolha IV

Ato 02
Cena 01: Na rua, pela tarde, perto do banco da praça. Entram Regina e as amigas, depois Prisco. O mendigo já está em cena, sentado com a mão levantada.
(Amiga 1) – Olha lá quem se aproxima, o rapaz que te deixou encantada!*(Regina fica sem graça)*
(Amiga 2) – Vai ficar aí parada?  Vamos! Vai pra cima!
(Amiga 1) – Se não quiser nada com ele pode dizer que eu quero.*(falando baixo)*
(Amiga2) – Se quiser  também, eu espero, até se cansar dele.*(falando baixo)*
*( Regina faz uma expressão que mistura surpresa com horror)*
*(Prisco se aproxima)*
(Prisco) – Veja só se não é a moça dos versos.!
(Regina) – Ora, se não é Prisco ninguém!
(Prisco) – Esqueça o sobrenome, eu lhe peço.*(com ar de brincadeira)*
(Regina) – Se me acompanhar até a praça, então tudo bem!*(insinuante)*
*(Ambos caminham até o banco da praça, no caminho o mendigo sentado fala com eles)*
(Mendigo) – Uma esmola por caridade!
(Prisco) – Nunca fui caridoso...
(Mendigo) – Então que tal por piedade?*(Cômico)*
(Regina) – Vamos! Seja bondoso!
(Prisco) – Escutou essa moça? Guarde bem o rosto dela.
(Mendigo) – Como poderia tal coisa? Uma moça tão bela...*(sorri para Regina)*
*(Regina ri baixo)*
(Prisco) – Ora, um mendigo galante. Tome aqui a sua esmola e vá comer.
(Mendigo) – Desculpe senhor, mas desse semblante, jamais em minha vida vou esquecer...
*(O mendigo sai, Regina e Prisco se voltam um para o outro)*
(Prisco) – Percebe o que acaba de acontecer? Percebe o que acabou de se passar?
(Regina) – O que?*(Com ar de espanto)*
(Prisco) – Dei uma esmola aquele homem por você, caso contrário nem pra ele iria olhar...
(Regina) – Então essa é a sua forma de me conquistar?
(Prisco) – Não foi isso que quis dizer*(embaraçado)*
(Prisco) – É que por você eu fui capaz de mudar...
(Regina) – Então eu fiz acontecer?*(Tom sarcástico)*
(Prisco) – Fez! E eu amei! Escute, não vou mentir... Desde a hora que te encontrei, que não consigo mais me ouvir...
(Regina) – O que quer dizer com isso? Uma linguagem de poeta?
(Prisco) – Não... Fui atingido por uma seta, me joguei de um precipício... isso seria linguagem de poeta... vê como é mais difícil?
(Regina) – Então se sente me explique, aqui, estamos só nós.
(Prisco) – Poderiam estar mil almas, só escuto o som da sua voz!...
*(Regina fica um pouco espantada, mas se encanta)*
(Prisco) – Eu sei que parece loucura, a mim não faz sentido também... Mas seu ar, sua doçura... eles me fazem tão bem...
(Regina) - *(envergonhada)* Nunca me falaram assim, confesso que estou impressionada... não queria acreditar que sim... mas acho que estou apaixonada...
(Prisco) – Ah...cheguei tarde então pra ti... *(Desanimando)*
(Regina) – Não seu bobo, volte a sorrir!*(Sorrindo e olhando nos olhos de Prisco)*
(Prisco) – Então é por mim que está apaixonada?
(Regina) – É... entrei numa cilada?
(Prisco) – Por que? Não sou a pessoa certa?
(Regina) – Como poderia ser? És um poeta...
(Prisco) – Essa ofensa eu posso aguentar... Já fizeram pior, pode acreditar.*(Tom jocoso)*
(Regina) – Eu amo a poesia e me apaixonei por um poeta... e se um dia isso acabar? Será tristeza certa...
(Prisco) – Me perdoe assim falar, mas o amanhã inda não veio. Por que encara o que virá  assim, com tanto receio?
*(Regina permanece calada e confusa olhando pra Prisco)*
(Prisco) – O amanhã é incerto... mas o que de certo há? Estamos assim tão perto, e nem sei se posso te amar...
*(Regina intenciona falar)*
(Prisco) – Escrevi uma poesia... intencionava lhe cantar... posso deixar pra outro dia...ou, se quiser, nunca mais voltar.
(Regina) – Gostaria de te ouvir, estou meio atordoada e a sua voz me faz sorrir...
(Prisco) – O amor é um senhor confuso, deixa louco o pensamento...
Como posso estar tão difuso, se a um segundo atrás só estava lendo?
Ela chegou e recitou comigo, uma voz da qual não consigo me livrar...
Ela chegou com seu falar amigo... ela chegou e não quer mais me deixar...
O que eu faço então? O que farei?
Dar a ela meu coração? Não sei!
Por mais que lute, mais que tente e me engane... longe dela eu não posso ficar...
Preciso ouvir um sim, ou um não, que se dane! Caso contrário meu coração vai me matar...
Então estou aqui moça e te peço: Dê um alento a este pobre coitado...
Um não e nunca mais regresso.
Um sim e será o ser mais amado!
O que me diz?
*(Regina ouve tudo com feição séria e a boca um pouco aberta, depois respira fundo e fala)*
(Regina) – Feche os olhos, tenho um presente pra te dar.
*(Prisco não entende bem e engole a seco e fecha os olhos. Regina o beija. Depois os dois se olham com expressão séria até rirem um da cara do outro. Riem bastante até que param. Se entreolham, dão as mãos e saem do palco.)*

Matheus Santos Rodrigues Silva

Um comentário:

  1. essa parte tá otima^^

    Tenho uma pergunta pra fazer sobre os nomes..mas aí...quando tiver oportunidade eu faço.

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