quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Quimera

Todos sob a mira dos fuzis.
Preparar, apontar, fogo!
Três palavras vis
a transpassar-lhes o corpo.

Surgem então mais armas
mais fogo, mais pólvora;
todos em guardda
cavando a própria cova...

É lançado o punhal
ele voa sem jeito
e acerta no peito
o representante real...

Inimigo caído...
Sangrando a fronte...
Mas não foi vencido...
Olhe o rosto do Conde!

Que rosto? Não há!
Apenas um alvi-rubro retalho;
um semblante sem alma a habitar...
quase um espantalho!

Firme. Altivo e esguio.
Segurando em seus braços o berço,
não de um nascimento, mas de um tropeço
um quase nascer que não se cumpriu...

Ela estava lá... imóvel...
Uma pedra alva de cachos frondosos...
Um aspecto marmóreo...
Com cabelos vistosos...

Sem rosto... era um anjo...
dourada máscara que encobria aquela face...
que beleza opressora... inevitável enlance...
Era o mais belo arranjo

Que deus criara!
Que beleza rara!
única no mundo!
Eu só a vi por um segundo

e me cativara...
e me corrompera...
me impressionara...
me comprometera...

O Conde baixou-a ao chão.
Nível repugnante para divina beleza...
Ou será que não?
Seria aquele seu nível, em certeza?

Olhei novamente...
Aquela face atraente...
Não de mulher...
mas de uma qualquer...

...quimera...

Matheus Santos Rodrigues Silva

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