quinta-feira, 15 de abril de 2010

Se não fosse trágico seria cômico

É interessante, porém triste, perceber que os mais atingidos pelas más administrações municipais são os menos interessados em mudar suas situações.
Essa apatia não se mostra somente na relação com os administradores municipais, mas também com as classes patronais.

Existem situações de um absurdo existencial tão grande que chegam a ser ridículas.
Ao chegar em um super mercado, na hora de passar pelo caixa, quase não se vêm funcionários para ensacar as compras. 

Parece uma besteira querer isso não é? Maioria de nós pensa assim. Tá aí uma justificativa pra sermos uma economia tão forte e não ter nem sombra dessa grandeza na sociedade...

Além dos custos de compra, transporte e impostos embutidos nos produtos que compramos nos super mercados, estão também os salários dos funcionários de limpeza, arrumação, estocagem, caixa e ensacamento.
Se houverem 20 caixas num supermercados, existe 40 salários embutidos nos produtos que compramos, porém o normal é ver algo em torno de 13 funcionários trabalhando. Dez caixas e 3 ensacadores, no entanto estamos pagando por 40.

Ao questionar tal situação, nos deparamos com duas situações cômicas: A primeira é a posição dos funcionários em descanso, que gostariam de continuar em descanso ao invés de trabalhar. A segunda é a revolta dos mesmos com essas exigências, tomando as dores que o dono do supermercado devia tomar.

Com um número reduzido de empregado os supermercados mantêm um bom número de "trabalhadores de reserva" ou seja, desempregados doidos pra conseguir uma vaga de caixa ou qualquer coisa do tipo. Desta forma o patronado tem mais poder sobre seus funcionários, diminuindo o poder desses últimos.
Além disso, o dinheiro ganho em cima desses salários não pagos(os ensacadores que não existem) fica como um sobrelucro para o supermercado, e os empregados não vêm um ínfimo aumento sequer em seus míseros salários.

Em suma o que ocorre é: O funcionário do supermercado se irrita quando você exige a presença de um ensacador pois você está lutando por um direito dele! Engraçado né? 

Hoje eu vivi uma situação interessante. Peguei o ônibus, paguei, e o cobrador me disse que faltavam 5 centavos e que quando eu fosse sair do ônibus eu passasse lá pra pegá-los, eu consenti e me sentei. Quando chegou no meu ponto eu fui até ele, pois estava sentado ao seu lado, e perguntei pelos 5 centavos. Obtive a celebre resposta: "Você tá brigando por 5 centavos? Tá meu filho tome dez vá!"

Foi engraçado perceber de como as coisas funcionam sob diferentes óticas. Aquele ser humano me disse pra pedir os 5 centavos pra ele, quando eu fosse sair, e depois se irritou quando eu o fiz. E ainda acabou por repetir o mesmo erro dos funcionários de supermercados.

Digamos que uma média de 100 pessoas deixe 5 centavos com o cobrador, todos os dias. O que é uma estimativa extremamente otimista. São 5 reais por dia para cara ônibus. Trabalhemos com números pequenos, vamos considerar uma frota de 200 ônibus na capital baiana. São mil reais diários. Durante 30 dias são 30 mil reais. Esse dinheiro vai todo para os cofres das empresas de ônibus, que oferecem um serviço de péssima qualidade e com preços fora da realidade. Além disso, esse 30 mil passam sem pagar imposto. Enquanto isso o cobrador continua recebendo aquele salário miserável, todo o santo mês, e perdendo mais e mais direitos a cada reunião patronal.

Fica a dica: Quer ser uma pessoa bem vista aqui em Salvador? Então pregue o bem do povo, diga que luta por eles, mas não faça nada pra mudar as coisas, nada! Só fale, as pessoas adoram palavras por aqui! Adoram!

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