segunda-feira, 26 de abril de 2010

Queda

Desafiaram-me os anjos.
Num intervalo de segundos, me contaram as histórias dos que amaram.
Escolheram por impulso deixar o manto sagrado que garantia suas glórias.... glórias...

Uma palavra. Uma palavra apenas e atirados foram...
Deus do céu, me disseram, morram! Morram!
A quem mais falavam?

Questionei a veracidade dos fatos. Fatos côncavos e convexos... nunca retos! Nunca retos!

Levantei a mão em busca de coragem e aprovação. Recebê-la ? Não! Recebê-la? Não!

Revanche. Me contaram que era uma revanche. Uma melhor de dois pra se firmar empate.
Chorei. Em prantos me pus sem saber por que. Minha alma em soluços pôs-se a se romper... alma?

Chorei... Conceito estranho era pra mim... chorei... Aos berros me pus como algo que... não sei descrever...

Luz. Uma centelha penetrante, cortou meus olhos como faca bem-amolada... faca bem amolada...

Com a visão turva ainda podia vê-los, ou pelo menos senti-los...
Me diziam: Essa é a escolha? Mal fadado és por tal intento. Cortaram-lhe a carne ferro e vento!
E um sopro astuto me passou, como a lâmina gelada que me cortou... cicatriz... dor...

Vivacidade. Palavra aberta em meus ouvidos mal lavados. Compenetrado estava em me aquecer, que nem mesmo a maior chaga pude ver...
Sangue. Por todos os lados, sangue! Vermelho insensível a minha visão fraquejada na queda... na queda...

Estranha. Figura estranha, empapada em secreções próprias... próprias...
Figura louca... enquanto os homens gritavam de dor ao seu sangue na guerra, ela sorria...
Louca estranha...

Acolhido eu fui, em braços grandes! Muito grandes! Até a pouco não podiam me tocar...

Perdido. Naquela etérea figura, fiquei perdido... Calou-se o choro e falou-se a voz...
E eles repetiram: Teu destino é atroz! Teu destino é atroz!
Sua voz foi sumindo... seu silêncio vacando... tua voz foi subindo! Tua voz fui amando!...

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