domingo, 25 de abril de 2010

O mar

figura estranha que banha cada passo que dou;
Manto espumante de gosto cortante, me mostra o que sou...
Navego, navego... Inquietude lasciva... guardada nas ondas, segredo da vida...

Sobre, não há nada;
Sob, jóia rara;
Inverto a direção pra chegar em lugar algum,
chegando em algum lugar preferia estar em nenhum...



Aqui. Me afoguei, desci, me encontro aqui.
O que mais me resta? Desistir?
Não...

Contemplando a concha, ostra-mestra fechada. Em madre-pérola formada, pra nunca se abrir...
Pedi. Com leves cantos pedi. Engolindo água, inda assim pude ouvir...

Tão rara. Pérola pequena... tão pequena... tão rara...
Não pude crer, o que vi já me atara...
Só pude sentir, pois que já me consumia...

Perdido... Nos mares distantes me fiz já perdido...
Afogado, estranhado, há muito olvido...
Mas à pérola não...

Peguei. Com mãos que cantavam, atrevido eu peguei.
Beijei, em meus lábios, teu brilho tomei;
Com as mãos em farrapos, ao peito levei...

Guardada. Por sete mares navegados, enfim, procurada.
Esquecidos tratados que não podem ser ditos...
Pois entre leões e leões... não há tratados!

Vento... Que pra mim significa? Nem maré, só a corrente... ela me leva docemente... ela me leva docemente...

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