terça-feira, 20 de julho de 2010

Diário de guerra IV

A situação está se complicando. Estamos ficando sem muitas opções por aqui.
Aquela alcatéia imunda está ameaçando nossas posições. A vida dos homens e de nossas famílias estão em risco. Por que eu aceitei essa função? Se tivesse ficado onde estava, isso não estaria acontecendo. Minha família corre perigo e a culpa é minha!
Eu achei que seria uma honra vir pra cá. Agora eu entendo que não.
Não tive tempo de relatar nada nos últimos meses e temo não ter tempo depois, então vou colocar os fatos mais importantes aqui. Quero deixar minhas memórias para as gerações futuras. Talvez isso mostre a eles que essa guerra não tem sentido algum.

Há quatro meses, eu estava no front principal. Combatia àqueles malditos com todo vigor ao lado de meus companheiros. Avançávamos sem problemas em território inimigo, mas estava tudo muito fácil. Apesar disso, fomos ganhando confiança. Uma, duas, três semanas. Já tínhamos adentrado e estabelecido posições em 60% do território inimigo. Estava tudo correndo muito bem neste front. Éramos o orgulho da nação! Até que eles vieram... Eles brotaram do chão! Fomos cercados enquanto dormíamos! Covardes! Nós nunca atacamos durante o sono deles... e tivemos várias chances! Assim são esses animais. Não têm honra alguma! Foi uma grande confusão, todos gritavam e corriam tentando pegar alguma arma e combater... em vão... Era tarde pra lutar; por isso tentei uma outra solução, peguei todos os feridos que pude e saí de lá com o carro. Estávamos sob fogo aéreo, mas eu não estava prestando muita atenção nisso. Quando conseguimos nos colocar fora do alcance do inimigo, eu deixei os feridos e voltei pra tentar resgatar quem eu pudesse, mas fiquei horrorizado com o que vi... Todos mortos! Estavam todos mortos! Corpos amarrados nas árvores e fuzilados... vários homens mortos em suas barracas... eles não fizeram prisioneiros... não deram aos meus companheiros o tratamento respeitoso que demos a eles quando os fizemos de prisioneiros... Malditos!
Depois de muito penar, voltei e peguei os homens feridos. Consegui leva-los em segurança até um outro acampamento. Estava muito cansado. Depois de saber do ocorrido, nossos generais ordenaram o fuzilamento de todos os prisioneiros que tínhamos feito, em retaliação ao inimigo. Fui condecorado com uma medalha de honra e fui promovido a coronel. Me tornei um herói! Fiquei feliz com isso. E então soube dos avanços no outro front e fui convidado a assumir o comando de uma nova posição, bastante avançada no território inimigo. Aceitei. Fizemos um ataque perfeito e tomamos a cidade. Foi uma difícil vitória, mas isso fez parecer ainda mais importante! Assumi o comando da cidade e trouxe a minha família como prova de que confiava no nosso controle por aqui. Funcionou por um temo. Só me esqueci de que isso não tinha atingido a todos por aqui. Os prisioneiros não tinham conhecimento sobe isso e se revoltaram... devia ter ouvido o general e mandado todos pro inferno! Agora eles estão nos ameaçando. São uma ameaça séria... Se não bastasse isso, uma mulher atirou em mim quando tentei trazer paz a esta cidade. Devia ter mandado matá-la também! Tenho o coração muito mole... Ela deve estar nas nossa instalações prisionais se divertindo com algum animal de sua estirpe...
As coisas estão fugindo do controle, mas eu ainda sou o chefe por aqui. Se essa barca afundar, é meu dever afundar junto, mas eu preciso tirar a minha família daqui...
Vou me retirar e depois continuo com estas anotações, algo mais importante requer a minha atenção.

Cel Gluck

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