sábado, 14 de agosto de 2010

Diário de guerra V

Hoje é o meu último dia de vida.
Depois de tanta luta eu vou morrer.
Nós tentamos.
Fui procurar por Vânia e não a encontrei. Só pude ver um ser que não conseguia falar e nem olhar nos meus olhos. Eles mataram a minha Vânia e deixaram aquele ser pra me atormentar.
Não. Ainda era ela. Por mais que eu quisesse e precisasse pensar que não era, ainda era ela.
Levamos o maior número de pessoas que conseguimos para trás das linhas da resistência.
Estávamos prontos pra atacar.
Atacamos ao anoitecer. Eles não esperam por aquilo. Muitos dos oficiais estavam jantando com suas famílias. Tolos.
Soube mais tarde que Gluck se encontrava em igual situação. Foi morto ao tentar impedir os tiros em sua família. Tolo. Morreria de qualquer jeito. O desgraçado me escapou.
Mas eu não deixaria que nenhum deles escapasse! Eu sei o que eles fizeram a Vânia!
Acabamos rapidamente com a maioria dos oficiais. Agora o exército deles estava sem comando. Precisávamos apenas desferir o golpe final.
Avançamos pelos flancos do campo inimigo e os soldados estavam ridiculamente posicionados. Foi fácil matar aqueles imbecis.
Quando adentrávamos os últimos setores em que haviam oficiais, Vânia apareceu. Ela estava com um fuzil e gritava muito. O que ela estaria pensando? Eu estava lá pra vingá-la!
Ela furou a nossa linha e correu em direção ao inimigo. Eles atiraram nela. Aqueles bastardos atiraram nela...
Por que ela fez aquilo?
Eu corri em direção a ela e levei três tiros na perna. Os homens me tiraram de lá.
Me trouxeram pra cá e voltaram ao combate.
Corajosos... muito corajosos...
As últimas notícias que chegaram foram de que chegaram reforços no lado inimigo.
Poucos reforços, mas os homens não estão conseguindo lidar com isso.
Acho que já chega. Os tiros que eu levei estão infeccionando e não há médicos por aqui.
Cedo ou tarde eu vou morrer. Ainda bem. Não tenho mais pelo que lutar.
Gluck está morto. Vânia está morta. Qualquer motivo que eu tinha pra ficar nesse campo, ou melhor, qualquer motivo que eu tinha pra ficar neste mundo está morto.
Ouço sons. Meus corajosos homens devem estar mortos. Todos os homens corajosos acabam assim mais cedo que os outros. Por isso estou vivo.
Eles vão entrar por essa porte e vão me matar.
Meus homens deixaram um fuzil pra que eu pudesse ao menos levar um deles comigo. Eu não levar mais ninguém. Talvez eu leve alguém que signifique algo pra alguém. E aí vou acabar levando mais e mais gente. Chega. Essa guerra já matou muitas pessoas e não há lugar para todas debaixo do chão.
Eles estão se aproximando...
... Tomara que esse diário não morra comigo...
...Adeus...
... Sieg Heil!...

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