domingo, 28 de março de 2010

O tempo

Me fiz este questionamento após algumas vivências e leituras. Após algumas experiências e insucessos.
O que seria o tempo?
Pra história ele seria uma folha de papel na qual se escrevem acontecimentos. Pra física seria uma grandeza variável, dependente da velocidade. Pra mim é algo que não posso alcançar...
Qual a noção que podemos ter de tempo? Estudamos fatos ocorridos a milhares, as vezes milhões de anos.
Mas o que sabemos obre um milênio? Duzentos anos que seja?
A única coisa que podemos dimensionar é o intervalo de tempo transcorrido do dia do nosso nascimento até o dia da nossa morte.

A esse espaço de tempo damos o nome de vida. O que é essa vida?
Nossa vida é cheia de planos, as vezes planejamos tanto que não temos tempo pra executar os planos. De novo o tempo... o que seria ele então? Um carrasco? Seria como uma sala fechada onde a água sobe até nos afogar? Onde precisamos escolher entre uma fuga abrupta ou uma planejada? E o que seria isso, o tempo ou a vida?

Se todo tempo que podemos conhecer, se todo tempo que podemos dimensionar é a nossa vida, então a única coisa que temos é todo o tempo do mundo.

Passei a olhar a vida como um observador apenas, sem pensar em como ela passa enquanto penso. Pensei num ditado alemão que diz:" Uma vez não conta"- ao qual vi num livro de nome: " A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera"- Ele se refere a vida dessa forma, fazendo alusão a uma peça teatral, onde você não pode ensaiar. Tudo só acontece uma vez, não há tempo pra testes.
Depois lembrei de algumas propagandas que já vi. Umas que falam como a vida seria melhor se pudéssemos testar antes de escolher. Me perguntei se seria mesmo melhor...

Sendo apenas um observador, cheguei a um ponto, que não posso chamar de conclusão, mas que me deu um pensamento novo: Posso fazer tudo ou até mesmo nada com a minha vida. Ela é um intervalo de tempo ao qual eu dou significado. É um quadro a ser pintado, uma partitura a ser escrita. Só que, diferentemente do que se prega, ela não precisa ser corrida. Não precisamos correr pra viver. Não precisamos nos matar pra ter tempo pra vida. Ela já é todo o tempo que temos.

Sendo simplesmente um observador, você percebe que a vida é tudo que temos. É todo o tempo do mundo. O que vem antes e depois desse tempo não tem significado prático. Não estávamos lá no passado, nem estaremos no futuro. O que importa é o que se tem agora, é o que se passa agora. Temos tempo pra planejar e executar, pra correr e pra descansar. Só estamos presos ao que nos formou, como vi num livro de nome: "O fio da navalha"- Somos o lugar onde nascemos e fomos criados, os brinquedos com que brincamos, os livros que lemos...

O que conta é o que transcorre entre dois intervalos, o nascimento e a morte. Qualquer ofensa ou elogio feitos fora desse intervalo de nada servem. Não somos a continuação de nada, e nada será a nossa. Somos livres enquanto não nos prendermos ao já estabelecido nem ao por estabelecer. Somos livres pra escolher, mesmo que não tenhamos todas as opções, dentro desse intrigante intervalo de tempo, somos livres!

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